12 de jan. de 2008

A Televisão de 1960

Era um tempo de transformação, aquele da década de 60. A maneira de vestir e de pensar, a música e todo um contexto de costumes passava por mudanças radicais aos olhos e ouvidos dos cidadãos da época.
E a televisão começava seu processo de popularização com a extinta TV Tupí monopolizando a mídia do país.
O ícone inconfundível e incontestável do índio, no centro da tela, anunciava o ínicio da programação da emissora.
A TV Piratini de Porto Alegre, canal 5 transmitia, para o sul do país, a programação da TV Tupi do Rio de Janeiro. Era uma empresa do Grupo Diarios Associados criado pelo jornalista- expoente da imprensa brasileira- Assis Chateaubriand.
No canto da sala da casa o aparelho GE-Custom sintonizava, numa imagem chuviscada, mais um capítulo da novela "O direito de Nascer". Eram poucos os domicilios, em Laguna, naquela época, com aparelhos de televisão, o que tornava comum a reunião de uns poucos vizinhos convidados para assistir as programações.
As antenas suspensas em grandes tubos de ferro denunciavam as casas com aparelhos- pareciam estações rastreadoras de sinais de vida extraterrestre-necessárias para a captação do sinal que nos chegava muito fraco, devido a falta de repetidoras.
Vez por outra, no desenrolar da cena da novela, lá se ia a imagem; e sempre tinha um encarregado, de plantão, que segurava providencialmente o tubo que sustentava a antena, rodando de um lado para outro; na procura, desesperada, do sinal.
Lá da sala de projeção a impaciente platéia gritava em coro:
Vira!... Mais!... Mais!... Aí!.....Deeuu!....
A cena era engraçada para aqueles que se dispunham a presenciá-la. O fascínio das pessoas pelo enredo das novelas era indescritível. E a situação se tornava ainda mais perturbadora com o ir e vir das imagens, que acontecia quase sempre em momentos críticos do desenrolar da história.
Já em meados dessa década era possível sintonizar, ainda com problemas, a TV Record para assistir a efervescencia de seus consagrados festivais, que revelou para a musica popular brasileira nomes como Elis Regina, Edu Lobo e Chico Buarque de Holanda.
E assim a televisão foi cada vez mais, tomando espaço cativo no cotidiano das pessoas.
Olhando para a tela da TV começamos a sonhar nossos sonhos modernos.
Com o encerramento das atividades dos Diários Associados, a TV Tupi perdeu sua concessão juntamente com suas afiliadas. É quando começa a despontar uma nova era na comunicação televisiva do país.
As novas regularizações no setor para concessão de canais incentivaram novos investimentos o que veio modernizar todo o aparato gerador de imagens juntamente com uma nova tecnologia de propagação dos sinais, fazendo acontecer, já na década de 70, a primeira transmissão a cores.
E a TV caiu, definitivamente, na graça do povo brasileiro. Ela uniu e igualou um país cuja realidade é constituída de contrastes regionais. Ajudou a construir a verdadeira identidade brasileira e a formar o país do jeito que o conhecemos, hoje.
Não é exagero afirmar que sem a Televisão o Brasil não se reconheceria Brasil.