8 de mar. de 2010

Nossas Origens

Sempre acreditei que a felicidade está dentro de cada um de nós. Não adianta procurá-la fora de nosso mundo interior. E que o lado bom da vida reside nas coisas simples que realizamos e nos gestos humildes adotados no nosso quotidiano.
É claro que um pouco de sofisticação, às vezes, não nos faz nenhum mal. Mas confesso ser um mané assumido. Pra ser mais preciso, eu sou duplamente mané. Em primeiro lugar, sou manézinho com raízes fincadas na nossa querida Laguna. E depois, mais uma vez manézinho, por ter adotado essa ilha maravilhosa de Floripa, para viver.
Geralmente, aqueles que se acham sofisticados e não me conhecem mais profundamente, torcem o nariz para a minha maneira simples de lidar com as pessoas e coisas que se encontram em minha volta.
Mas, nas minhas entranhas de mane açoriano aqui do litoral está solidificado este tipo de comportamento. Ás vezes uma ingenuidade extrema, noutras... nem tanto assim.
Valorizo enfaticamente, nossas tradições culturais e gastronômicas. Sou capaz de ir muito longe para assistir uma apresentação do Boi de Mamão, do Pau de fita, ver a Bandeira do Divino passar ou mesmo acompanhar um Terno de Reis. Quanto a gastronomia...! Abençoados sejam aqueles índios que cultivaram a mandioca e nos legaram, através dos portugueses, sua farinha para o deleite de nossas refeições. Só assim surgiu o pirão nosso de cada dia para alimentar os menos favorecidos, e tornar deliciosa as refeições festivas dos mais abastados.
Estou falando isto, porque realizei um desejo há muito tempo adiado. Fui a Festa do Pirão com Lingüiça, que se realiza de fevereiro a março de cada ano, no município de Tijucas. Nada de especial no local. Instalações modestas, como deveria ser para o que se propõe o evento. Mas o calor humano, a simplicidade e educação no atendimento me chamaram a atenção. Próprias de um ambiente onde a farinha de mandioca é prioridade na refeição. No prato o pirão pronto com feijão por cima. Lingüiça, farofa e salada completavam a dieta. Um verdadeiro retorno ás origens da nossa rica cultura. Bendita farinha!