Nesse tempo de informação virtual a educação está, forçosamente, a passar por uma revolução na sua maneira de ensinar.
As crianças já nascem predispostas a interagir com o atual mundo cibernético que vivemos.
Eu estou constatando essa verdade no convívio diário que tenho com meu neto,Henrique.
Ele tem apenas cinco anos e já lê tudo; escreve a grande maioria das palavras. Navega pela internet nos sites de desenhos infantis e realiza pesquisa no google .
Eu tenho que estar sempre preparado para suas perguntas. A vivacidade dele, às vezes, deixa o vovô atrapalhado.
Dias desses estávamos sentados no meio da sala arrumando seus carrinhos e ele de repente começou a me olhar e chorar copiosamente. Eu, assustado, perguntei-lhe o que estava acontecendo. Ele falou-me que eu estava envelhecendo e que iria morrer. E ele não queria que isso acontecesse. Fiquei desconcertado, não sabia o que dizer diante de sua constatação. Achei que falar a verdade não ajudaria em nada, naquele momento. Emocionado pela preocupação do Henrique e penalizado por seu choro, falei-lhe que não chorasse mais porque os cientistas da Nasa estavam pesquisando uma pílula para que ,no futuro, as pessoas não morressem. Era a pílula da vida. Ele imediatamente deixou de chorar e me ouviu atentamente.
Usei um artifício nada pedagógico para aliviar a dor do Henrique pelo sentimento da possível perda do vovô, e a minha de vê-lo chorar.
No dia seguinte, entretanto, minha filha me telefona e pergunta da história, porque o Henrique havia anunciado aos amiguinhos da escola a grande descoberta. Falou aos colegas que iria dar a pílula para o vovô e seus pais. Ela ainda acrescentou que se sentiu na obrigação de contar ao Henrique que isso não era verdade.
O fato estava consumado. O efeito colateral do remédio para choro, que eu havia dado ao Henrique se manifestara.
Um dia após esse acontecimento o Henrique volta a me visitar e me fala o inevitável. A mamãe lhe dissera que a pílula da vida não existia e que tudo era fantasia.
Eu lhe respondi que era verdade o que a mamãe lhe falara. Mas, também, expliquei que a ciência cria a cada dia remédios cada vez mais eficientes e avançados e que os cientistas estão permanentemente pesquisando novas maneiras saudáveis de viver e descobrindo formulas de remédios capazes de prolongar por muito tempo a vida das pessoas. E que num futuro muito próximo, talvez, a pílula da vida poderia ser uma realidade. E o vovô, então, poderia permanecer por muito tempo ao lado dele.
Ele acenou positivamente com a cabeça e abraçou-me.
Esse acontecimento mostra o quão importante são nossas atitudes para com nossos filhos e netos. Para eles nós estamos acima do bem e do mal. Daí nossa responsabilidade com o que dizemos e fazemos.
Que Deus proteja a sagrada ingenuidade de nossas crianças e abençoe o meu Henrique.
3 comentários:
Um miúdo sem imaginação será mais tarde um adulto intelectualmente pobre.
Parabéns, meu sogro, pelo belo ensaio.
Abraço.
Parabéns Sr. Mauro!!
Muito bom.
Rodrigo Costa.
Postar um comentário