23 de mar. de 2011

A Lua e o perigeu

Não consigo olhar a lua com o pragmatismo dos homens da ciência. Naquele dia ela apareceu linda, cheia, mais brilhante e maior. E eu comecei a observá-la, com olhos de sonhos. Viajava por seus contornos desenhados no azul marinho do céu da noite. Ali estava ela a nos encantar com o seu reluzente prateado. Poetas, seresteiros, namorados, correi . É chegada a hora de escrever e cantar . Talvez, a derradeira noite de Luar .....cantarolei a canção. Naquela noite, ela apresentava-se bonita demais. Faríamos pouco caso, se a considerássemos somente um satélite qualquer, como querem os práticos e céticos. Estava acontecendo o perigeu Lunar, apressava-se para explicar a ciência. O fenômeno ocorre quando a Lua cheia encontra-se na sua órbita mais próxima da terra. Mas a explicação científica, empírica e desprovida de sentimento, desmistifica o belo com sua análise crua e tosca. Para sentir tamanha exuberância e beleza é preciso olhar com o coração. Já dizia o poeta. E nesse mundo de tantas catástrofes e guerras nós precisamos, mais do que nunca, de um tempo pra sonhar ...sonhar...e sonhar.... Quantos maravilhosos segredos esconde o nosso universo? E dizer que, mais uma vez, todo este esplendor é explicado por uma teoria científica chamada Big Bang. O fenômeno do surgimento do cosmos, diz a ciência, surgiu com uma descomunal explosão chamada Big Bang. O universo vai se resfriando à medida que se distende. Por isso ele está sempre em expansão. Simples e direto como qualquer outro conceito científico. Resta, entretanto nos explicar, o que permitiu a formação do Big Bang, antes dessa explosão. E então, por mais que os céticos queiram negar, vão ter que admitir: Por detrás do Big Bang existe, um Deus!

18 de mar. de 2011

Crônica do Tempo Novo

Há por aí, espalhado no espaço invisível, um tempo novo. Um tempo que nos foge. Onde as crianças já não fazem brincadeiras como no meu tempo de meninice. Já ninguém joga mais peladas pelas várzeas das cidades, nem o pião faceiro vive mais enrolado nas fieiras a rodar pelas ruas e quintais das casas. Não existe mais as rodas de cirandas com suas cantigas, o amarelinho, o esconde-esconde. Já não há crianças que sintam esse tempo nas emoções das horas bem usadas e de boas companhias. Já pouco resta desse tempo de memórias bem absorvido pelo tempo novo de comunicações imediatas e sem limites de distâncias.
Há um tempo novo, apressado, no seio da sua própria solidão porque as companhias são distantes e, mesmo que conhecidas, são, majoritariamente, desfrutadas no plano virtual.
Há, portanto, neste tempo novo, uma conexão colada ao corpo e um computador por companhia quase constante e até nem importa a idade de cada um, porque é importante estar atualizado com as realidades vizinhas.
Sem que nos déssemos conta, num andar vagaroso e ao mesmo tempo apressado, este tempo novo foi-se instalando em nossa vida, definitivamente.
Hoje, só as memórias sabem do que falo e os meninos de outrora, agora homens e mulheres, podem explicar o que sinto, neste tempo novo roubado e jogado no de uma época.
Que outro tempo virá e derrubará este tempo novo?

5 de fev. de 2011

Repensando a cidade

Próximo ao mercado, encostado na árvore sobre o cais, à beira da lagoa, observo o por do sol pintar de vermelho o horizonte atrás do morro. O silencio que toma conta da histórica rua Gustavo Richard só é interrompido pelo barulho da tarrafa que o pescador solitário trabalha, incansavelmente, de cima da pedra. E eu ali, vivenciando o momento, a pescar reminiscências em minha memória. O mar, a Lagoa, os lugares, as ruas com seus traçados perfeitamente preservados. Tudo tal como na minha infância e juventude. Quando volto meus olhos para o céu sinto vontade de chutar latas ao lembrar de um tempo em que saia por ai, à toa, assoviando Beatles pelo Jardim Calheiros da Graça. Mas, subitamente, sou assaltado pela lembrança que o passado é assunto para ser contado através da historia. E o que nos reserva, o futuro, já está acontecendo agora. Enquanto aqui o silencio de antigas ruas e de seculares casas coloniais guardam a saga de famílias, pessoas e da própria cidade, por detrás da Nossa Senhora da Glória a modernidade se ergue e se agita ás margens do Atlântico. Dos molhes ao pontal o movimento de carros e pessoas é sem igual. O Jet-Sky que desliza sobre as águas do canal e o barco inflável que manobra junto a bóia de ferro.....tudo lembra o novo. O vai e vem do bote, lotado, que transporta as pessoas para a passagem da barra e a travessia da balsa cheia de automóveis para visitar a Tereza, a Galheta e a centenária construção do Farol e suas praias. No Mar Grosso uma moderna arquitetura levanta-se por toda a sua orla acrescentando beleza à paisagem. Uma perfeita harmonia entre passado e presente esperando uma mudança radical de nosso comportamento com tudo aquilo que entendemos como turismo. A dualidade do antigo e do novo retratada no complexo urbano de Laguna está a merecer um projeto turístico de longo prazo que leve em conta, também, esta característica de duplicidade, inerente a cidade. O passado e o presente. A cidade velha e a cidade nova. Assim é que somos conhecidos pelos que nos visitam.