27 de jun. de 2009

Por que Escrevemos?

Aqui deste lugar, presenciando a luz refletida nas poças de chuva das ruas desertas de frio, vendo o mês junino escoar pelos ralos dos seus últimos dias, me ponho a refletir sobre as necessidades humanas. Mais precisamente sobre a necessidade da comunicação. E então surge a pergunta: Por que escrevemos? Escrevemos por instinto de auto-expressão. Escrevemos para diminuir a tensão emocional e não explodir e virar pedacinhos. Para entender nosso próprio mundo. Através da escrita comunicamos nossas impressões, idéias, pensamentos, sentimentos. Escrevemos para comunicar nossos medos e angustias, nossas coragens e ousadias e nossas descobertas. Para entendermos a nós mesmos. Escrevemos para espantar a sensação de desamparo. Para acabar com o isolamento. Para sair do exílio que, ás vezes, nos submetemos. Para nos livrar da solidão de nosso próprio casulo.
Estes são alguns dos motivos que nos levam a escrita. Mas na verdade, escrever é um ato vital. Escrevemos para continuarmos vivos. Escrever não é prazer, nem diversão. É sobrevivência!
O ato de escrever é um ato solitário de revelação. O escritor surpreende-se redigindo um texto inusitado. Ou mesmo um texto regular ou ruim. Mas ele se descobre na sua obra.
Para escrever precisamos vencer a anarquia latente que existe em nós, libertar a mente do ente físico e submetê-la ao espírito.

21 de jun. de 2009

Um sonho de junho

Caminhava apressadamente pela diagonal que corta o centro do jardim em direção a Igreja matriz. Queria sentir a egrégora daquele templo. Admirar suas artes sacras, sua arquitetura barroca e aproximar-me da imagem de Santo Antonio dos Anjos da nossa Laguna. Ofegante..., encontrei a porta da igreja trancada.
Um sentimento de frustração arrebatou-me por alguns momentos. Irritei-me por mais outros instantes e resolvi bater energicamente três fortes pancadas na entrada principal. Já ia desistindo, quando a porta entreabriu e alguém me franqueou a entrada. Caminhei, então, até entre as duas colunas que sustenta o mezanino, onde o Coral se reúne para entoar os cantos das magistrais trezenas.
Ergui a cabeça e avistei Antonio no centro do altar rodeado de pessoas. Tenso e surpreso esbocei gestos na tentativa de falar algumas palavras. Mas Antonio com um olhar firme e sereno interrompeu-me com perguntas, estabelecendo um diálogo que jamais eu os apagaria de minha memória. Perguntou-me ele, então: - De onde vindes, visitante? - Eu venho de longe para abraçar a tua causa. - O que vens aqui trazer? - trago um coração amigo, um espírito de paz e desejo prosperidade a todos. - Nada mais trazeis? - O povo da minha terra vos saúda e venera. - O que se faz em vossa morada? - Enaltecemos as virtudes e desprezamos os vícios. - O que vindes aqui fazer? - Esquecer minhas vaidades e purificar minha alma. - O que desejais? - Ser mais um entre vós. Nesse momento um facho de luz iluminou meu rosto. Acordei sobressaltado. Notei que havia sonhado um inusitado sonho. Por detrás da janela do quarto de hotel o sol castigava meus olhos. Lá fora um céu limpo e um sol de inverno. Uma névoa fria cobria a praia do Mar Grosso. Era 13 de junho.