É inegável o desenvolvimento que a industrialização trouxe para a nossa vida nos dias de hoje. A produção agrícola, atual, desenvolveu-se de tal maneira que a colheita por hectare praticamente duplicou nestas últimas décadas. As pesquisas genéticas com sementes de frutas e de grãos criou uma nova era de produtos agrícolas mais resistentes e rentáveis.
Mas por outro lado, podemos dizer, que a qualidade de nossos produtos
caíram muito nestas ultimas décadas.
Só como exemplo eu vou citar o café. Alguém sabe me responder por onde
anda o aroma marcante do nosso café? Lembro-me de uma fabrica, localizada ali
no Magalhães- café Salete- eu acho que era esse o nome. Quando acontecia a
torra do produto o bairro ficava tomado pelo cheiro. Na verdade, fazer café há
tempos atrás, era um verdadeiro ritual. Enquanto
a água fervia, preparava-se o pó, dentro de um coador de pano, geralmente
confeccionado em casa. Com o coador pendurado na boca do bule de alumínio ou de
barro, o café era passado. O aroma se espalhava por toda casa. O seu cheiro
denunciava a hora do café para toda a vizinhança. Era como se estivéssemos
acendendo um incenso na casa. Ela ficava toda dominada por aquele aroma inconfundível.
Hoje, o nosso café, infelizmente, só tem cor. Sem cheiro e sem sabor
ele é uma coisa qualquer a desafiar o paladar do brasileiro. E não se sabe nem
a quem reclamar. Via de regra, os produtos que circulam pelos supermercados do
país não sofrem fiscalização nenhuma, na sua qualidade. É a inoperância e a
negligencia do estado convivendo com a ditadura dos grandes e poderosos
conglomerados da indústria alimentícia. Somente quando há denuncia é que as autoridades descobrem a adulteração feita no produto.
O caso de adição de amônia ao leite acontecido no Rio grande do Sul é
um desses abusos cujos responsáveis
mereceriam uma punição exemplar.
Não poderia acontecer uma coisa dessas com um produto que é a base da
alimentação de nossas crianças. Isto
compromete o futuro da saúde de nossa sociedade e consequentemente do
país. Parece que ninguém para pra
pensar. O assunto foi rapidamente sacado das páginas dos jornais. Ninguém sabe
que fim deu o processo instaurado contra os malfeitores. Não lembro ter
ouvido falar mais nada a respeito do
assunto. Nada aconteceu. Um absurdo!
Bons tempos onde o leite, que consumíamos, vinha da Madre. As
embarcações desciam o rio Tubarão e atracavam nas docas. Acondicionado em grandes latões, de alumínio,
era assim distribuídos em nossas casas. É bem verdade que as más línguas diziam,
à época, que os leiteiros(como eram
chamados aqueles que comercializavam o produto) sempre adicionavam a mais, um
pouco de água do rio. Mas bastava uma simples fervura para colocar tudo nos
seus devidos lugares. Não se ouvia falar em nenhuma química misturada ao
produto. O leite tinha o seu sabor assegurado.
A falta de políticas para a área de fiscalização, neste país, é
surpreendente. Esta mais que na hora de se criar, a exemplo dos Estados Unidos,
um órgão de controle que cuide especificamente e com seriedade da qualidade e
das formulas dos produtos que consumimos.