15 de nov. de 2007

Panorama

Aquela tarde de calmaria insinuava um convite para um olhar diferente sobre a Laguna. E, do alto da Glória, meus olhos foram as lentes que focaram, com encantamento, a visão das construções barrocas do nosso centro urbano.
Testemunho da arquitetura açoriana, os casarios, as praças, e as ruas vão revelando uma a uma a maravilha do acervo construído, com requinte artístico, pelos marcenerios e pedreiros de outrora.
Obra de nossos construtores de templos vindos de além oceano, a cidade é uma obra de arte entalhada numa pedaço de terra que aponta para o mar. Mais de três séculos de brasilidade estão presentes nas ruas estreitas e típicas da Laguna. Elas são o testemunho da história da cidade e do cotidiano de seus moradores.
Em meio a uma arquitetura colonial, a natureza colorida preservada da poluição industrial de nosso tempo, encanta seus filhos e visitantes e torna a cidade um verdadeiro convite à vida. Sem dúvida alguma, pelo caráter de nosso povo cordial, comunicativo e acolhedor, somos a terra da amizade. É um cenário perfeito do encontro de uma viagem pelos corredores do tempo e a beleza da mata atlantica do litoral sul do Brasil.
São 600 casarões de diferentes períodos econômicos, retratando uma cultura de origem, predominantemente açoriana, encravadas numa geografia unica.
A torre da Matriz sobressai por entre os casarios coloniais e as altas palmeiras reais do Jardim Calheiros da Graça.
O verde do morro da Cruz e da mata nativa que protege a secular Fonte da Carioca contrasta com o cinza dos telhados do conjunto arquitetônico que constitui parte da história da cidade.
As docas, o prédio centenário do mercado e o sol se pondo por detrás dos montes que ladeiam a Lagoa, impressiona e arrebata o coração daqueles que apreciam a beleza que a natureza derramou sobre Laguna. Na revoada do bando de pássaros o prenuncio de um fim de dia.
A exuberância das cores criadas ao acaso passeia entre o amarelo, o laranja, e o vermelho a medida que o espetacular ocaso vai se desenrolando.
A lagoa que, à noite, se veste de dourado para a pesca do camarão pinta-se de laranja. E aquele coração de igarapé que, caprichosamente, a natureza mantém desenhado em seu leito, parece pulsar num vermelho escaldante no meio da Lagoa Santo Antonio dos Anjos.
Cria-se assim um enredo maravilhoso para um final de tarde de verão no alto do Morro da Glória. E aos poucos o astro vai se escondendo por detrás do monte no formato de uma medalha de ouro muito brilhante.
É quando eu me ponho, inadvertido, na ponta dos pés tal qual um menino inquieto, como se fosse me debruçar por cima dos morros que envolvem a Lagoa, para não perder os últimos raios de sol que sustenta o fenômeno. Percebo o movimento instintivo e me refaço.
Volto, então a observar esse grandioso painel pintado pelo artista de todos os mundos.
E no profundo sentimento da sua presença uma evidente constatação de nossa pequenez.
Um longo momento de silencio e de reflexão...

1 de nov. de 2007

O Menir Lagunense

Ainda lembro como se fosse hoje! As formações arredondadas das rochas vermelhas da praia do Iró, tão perfeitamente desenhadas pela natureza, que pareciam obras de arte entalhadas em pedra, pela mão do homem. Seguindo em frente ultrapassei a majestosa rocha que avança mar à dentro, cortada no meio, para dar passagem a estrada que leva o Mar Grosso a Praia do Gi. Foram seis quilômetros de areia, mar e vento, os companheiros da minha odisséia à ponta do morro do Gi. A esquerda, os cômoros com sua vegetação rasteira de trepadeiras e juncos, judiadas pelo nordeste persistente. Suas rajadas desarrumavam e arrumavam os montes de areia numa ordem indefinida. Era a natureza tentando organizar o caos. Com seu marulhar ritmado, o mar, varria com suas ondas, a praia do Gi, trazendo em sua crista o alimento que o mergulho certeiro das gaivotas pescadoras, recolhia das águas. E assim, aos poucos, foi sumindo na distancia, a imagem do Hotel construído sobre a rocha no inicio da praia. A medida que me aproximava do morro do Gi as mais diversas perguntas investigativas tomavam conta de meu pensamento. O que seria aquele monumento na ponta do morro banhado pelo mar? Os Menires, popularizado pelas histórias em quadrinhos de Asterix e Obelix, estão presentes nos quatro cantos do planeta; seja em Cromeleque Almendres, em Portugal, seja na Bretanha, França ou na Grã-Bretanha onde existe o Circulo de Pedra de Stonehenge que serve de referência ao início de cada solstício de verão e as estações do ano. Menir, é uma palavra que vem do bretão e significa pedra grande.... Perdido nas indagações sem que encontrasse, sequer, qualquer resposta para as minhas divagações, encontrei-me já caminhando sobre a pequena elevação de terra e pedra, que forma a ponta do Gi. Por uma trilha estreita que me levou a uma majestosa lage que se inclina para o mar, cheguei ao grande Menir da Laguna - a Pedra do Frade. Desafiando a lei da gravidade ela parece que vai se precipitar, a qualquer instante, para dentro do oceano. Com aproximadamente cinco metros de diâmetro e oito metros de altura, impressiona pelo seu porte e localização. São trinta toneladas de granito a desafiar a imaginação de visitantes e curiosos. Também chama a atenção a pedra triangular sobre o seu topo parecendo lhe servir de tampo. É um monumento intrigante pela sua forma perfeita de paralelepípedo, apoiado verticalmente, sobre aquela laje inclinada para o mar. È, também, instigante porque suscita na imaginação das pessoas as mais diversas histórias sobre seu surgimento, naquela área do território lagunense. Entre elas, aquela que há muitos anos, enquanto alguns sábios meditavam naquele lugar, começou uma forte tempestade que provocou uma espécie de avalanche de pedras que em vez de os atingirem, simplesmente pararam. Permanecendo da maneira como a conhecemos, hoje. Conta-se, também, que foram os fenícios que a cerca de dois mil anos antes de Cristo, a tenham colocado ali como uma referência.Já para alguns ufólogos o Menir é considerado uma obra dos deuses astronautas.O fato é que o Menir lagunense do Frade é um ponto turístico importante da cidade. E, está lá, imponente, fascinando os visitantes e desafiando nossas mentes a encontrar uma explicação plausível para aquele fenômeno.