Não gosto de me enclausurar em academia para cuidar do corpo. Sou mais adepto das caminhadas para manter o condicionamento físico.
Nas minhas incursões diárias pela avenida beira mar aprecio o movimento urbano, revejo amigos e conheço outros tantos.
Amigos e caminhada são ingredientes importantes para quem quer alcançar a longevidade. A ciência aprova essa combinação. Mas dia desses, um amigo que sempre passa por mim correndo, confessou-me que prefere corrida à caminhada. Afirmou com convicção que a corrida traz mais benefícios a saúde e aumenta, significativamente, nosso tempo de vida. Foi, então que lhe perguntei se ele corria daquele jeito porque pretendia viver pra sempre.
Seu semblante iluminou-se, imediatamente, numa grande gargalhada.
Noutra manhã encontrei um amigo psicólogo que não via há muito tempo. É uma dessas pessoas descoladas com uma maneira peculiar de olhar a vida. Quase sempre explica as coisas que vivencia de uma forma diferente.
Perguntou-me se eu estava gostando da minha aposentadoria. Respondi-lhe que sim. Agora tinha tempo para me dedicar mais a família e fazer as coisas que sempre gostei. Quando indaguei sobre sua vida, contou-me que também, estava aposentado. Finalmente não tinha mais horário pra cumprir e nem um chefe a quem dar explicações. Contou-me que tem filhos maravilhosos, mas nunca pode acompanhar e curtir suas infância e adolescência como sempre desejou, porque o trabalho não lhe permitira. Não sabia como certos colegas, após trinta e cinco anos de trabalho, queriam voltar. O trabalho enobrece e dignifica o homem jovem, mas prejudica quando alcançamos uma certa idade. A essa altura da vida, disse-me ele, trabalho é pra quem não tem o que fazer. Eu tenho que viajar, conhecer lugares e cuidar de tudo aquilo que não fiz. Preciso realizar o que ficou pra trás. Agora, estou vivendo como nunca.
Eu não me contive diante dessa sua afirmação e comecei a rir da frase de duplo sentido que ele proferiu.
Trabalho é pra quem não tem o que fazer.....Sei lá, eu!