21 de mar. de 2008

Reminiscências de nossa infância

Dos românticos anos 60, as reminiscências de lugares, aromas e sabores que marcaram a infância na Laguna, reduto de belas recordações. O saboroso bolo de milho feito na folha de bananeira cozido na chapa do fogão a lenha ao tempo que a batata doce inteira e com casca, colocada providencialmente por minha avó, assava no calor do borralho. O café novo passado no coador de pano e adoçado no jarro de barro com pão de farofa e manteiga de colono, da feira do seu Effting, que ficava nas dependências do nosso Mercado. Língua vermelha dos sucos de groselha servido nos aniversários dos amiguinhos da rua, quase sempre presenteados com sabonetes. O agradável e borbulhante sabor dos guaranás Champagne, tomados no gargalo da garrafa, deixando a boca entorpecida e uma sensação de ar preso na barriga. A maciez e o sabor dos gostosos tabletes de côco (Dalva). Da puxa-puxa, pé-de-moleque e os cartuchos de amendoim comprados na quitanda do seu Vieirinha e da Dona Adalziza situada na esquina do campinho do Magalhães. Os pedaços de côco da feirinha do seu Vitalzinho, que ficava ali na rua João Pessoa. A delícia do picolé e sorvete de côco da sorveteria do seu Capanema. A galinha caipira ensopada criada no quintal de casa, servida com arroz e maionese nos almoços de domingo. E de sobremesa, a deliciosa caçarola italiana divinamente preparada pela mãe Maria. Os pastéis e quibes do Bar da dona Lizete, durante o intervalo do lanche, das nossas aulas no “curso ginásio” do CEAL-Conjunto Educacional Almirante Lamego. As “fatias douradas” e os “cavaquinhos”, feitos por minha mãe, nas abençoadas tardes chuvosas do inverno lagunense. O Alagamar, com muitos trapiches, suas bateiras e canoas, povoado de gaivotas e biguás; e os escondidos banhos de mar no “saquinho”. A paquera com as alunas internas do Colégio Stela Maris, durante o dia da procissão do Corpo de Cristo, que trabalhavam na confecção de tapetes. Beijos trocados com a namorada, mergulhado no brilho dos seus olhos, e na boca o sabor de chicletes de hortelã. Outros lugares, sabores e aromas foram próprios do nosso tempo de infância e juventude na saudosa Laguna. Só para encerrar, a carroça de água fresca da carioca, vendida de porta em porta; o cheiroso pacote de pão deixado pelo padeiro, ao alvorecer, nas soleiras de nossas janelas; os inventos do seu Olindino e seu serviço de alto-falante; e aquelas reuniões juvenis nas noites enluaradas da pracinha.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mauro. O bolo na folha da bananeira é receita indigena. Minha avó, aqui do Pantano do Sul fazia essa iguaria para nós.Fernandes-Floripa.

Unknown disse...

Meu Deus Mauro,viajei bonito,q saudades, não só do bolo de milho na folha da bananeira como tbm os bolinhos de frigideira q tua mãe fazia.Maravilhoso tempo,pena q a gente só descobre isto quando não temos mais.Bjão e muito obrigada por me proporcionar momentos magicos.