18 de fev. de 2024

A balada do soldado



A “Balada do soldado” é um filme inesquecível que assisti no nosso antigo Cine Teatro Mussi, na década de sessenta. Naquele cinema aconteciam as sessões dos renomados filmes estrangeiros apresentados, pela primeira vez, na região sul do nosso Estado. O filme é uma produção em preto e branco; e eu deveria ter uns dezessete anos de idade quando assisti. Não o esqueci devido a sua comovente história. Durante a 2ª Guerra um soldado que fez uma bravura em campo de batalha recebeu como recompensa seis dias para visitar sua mãe num vilarejo distante. Na viagem que empreendera, esse soldado viveu uma grande aventura, passando por dificuldades e cruzando com diversas pessoas ,entre elas a mulher por quem se apaixona. Os dias da sua viagem foram, de tal maneira, consumidos por acontecimentos tão inesperados, que ele só teve tempo de chegar, beijar sua mãe, e voltar novamente para o front. Um filme puro, ingênuo e sonhador que reflete claramente o romantismo daquela época de anos dourados. Onde o amor e a fraternidade humana ditavam a tônica das relações sociais. Passaram-se mais de duas décadas, e eu sempre me pusera a procurá-lo, timidamente, sem conseguir. Nas minhas infrutíferas tentativas de encontrá-lo comecei a descobrir que se tratava do filme de um cineasta russo, lançado em 1959, com um estrondoso sucesso e detentor de diversos prêmios internacionais. Mas certo dia numa reunião familiar na casa de minha irmã, ao conversar animadamente sobre cinema com um sobrinho, ele me falou que costumava procurar filmes em sites gratuitos na internet e gravar em DVD. Ao falar-lhe da existência desse filme disse-me que não o conhecia mas procuraria e se, por acaso, encontrasse gravaria para mim. Responsável pelas mudanças inexoráveis do nosso cotidiano, o tempo tem o poder também de mudar as circunstâncias pelas quais passam nossas vidas. Quis, então, o criador que o Alexandre deixasse o nosso convívio e fosse fixar morada na eternidade. E aquela sua promessa se perdeu nos arquivos de minha memória. Entretanto, dia desses, numa visita a família em Laguna, uma surpresa veio avivar minha memória e tocar o meu coração. Minha sobrinha presenteou-me com o DVD, que havia perdido, explicando que o Alexandre, antes de partir, lhe fez prometer que o entregaria a mim. O presente do Alexandre me proporcionou uma agradável viagem no tempo e me fez revirar o baú do passado nas cenas daquele memorável filme. Que Deus o abençõe.

2 comentários:

Angela disse...

Mauro, muito legal o que escrevestes.
O Alexandre jamais esqueceria de uma promessa feita.Ele era especial.

Angela(mana) disse...

Gosto de tudo que tu escreves.
Lendo tuas matérias,sinto-me retornar a um tempo lindo e impar que acredito somente os filhos do Dario e da Maria puderam viver.
Um beijo especial aos nossos querido velhos, e também para ti.