24 de mai. de 2009

Crônica

De olhos perdidos na tela do computador, o homem sentiu a necessidade de espairecer lá fora. E então, saiu pelos corredores e pátios do condomínio, afora. O insuportável calor que sentiu quando deixou pra trás a sala refrigerada não amenizava a espécie de dor que congelava a sua alma e quase o paralisava. Encontrou pessoas e esboçou sorrisos obrigatórios. Tudo para ele era uma grande angústia. Abraçou afetuosamente a mulher que tratava da limpeza dos corredores -tudo indicava ser sua conhecida -Falaram-se. Na sua simplicidade ela contou-lhe de câncer e de enterros e do calvário das doenças e falou, também, das pessoas impiedosas. Ele só foi ouvidos. Disse-lhe apenas que era a vontade de Deus ” Deus sabe o que faz”. Ela assentiu com um gesto e despediu-se. Ele continuou pátio afora padecendo dos infortúnios do desamor, sentindo-se distante e solitário. Viu então ao longe um grande passaro voando no alto do morro, acima do ângulo da visão que seus olhos estivera toda aquela tarde. Sua plumagem era de uma brancura que ele pensara que nunca vira antes. Ele nem percebera que no vôo do pássaro havia um céu cor de chumbo ao fundo. Era um dia sem sol.
Então o homem viu graça na sua dor emocional. Ele era um homem qualquer.
"Felicidade se acha é em horinhas de descuido." Guimarães Rosa

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