18 de mar. de 2011

Crônica do Tempo Novo

Há por aí, espalhado no espaço invisível, um tempo novo. Um tempo que nos foge. Onde as crianças já não fazem brincadeiras como no meu tempo de meninice. Já ninguém joga mais peladas pelas várzeas das cidades, nem o pião faceiro vive mais enrolado nas fieiras a rodar pelas ruas e quintais das casas. Não existe mais as rodas de cirandas com suas cantigas, o amarelinho, o esconde-esconde. Já não há crianças que sintam esse tempo nas emoções das horas bem usadas e de boas companhias. Já pouco resta desse tempo de memórias bem absorvido pelo tempo novo de comunicações imediatas e sem limites de distâncias.
Há um tempo novo, apressado, no seio da sua própria solidão porque as companhias são distantes e, mesmo que conhecidas, são, majoritariamente, desfrutadas no plano virtual.
Há, portanto, neste tempo novo, uma conexão colada ao corpo e um computador por companhia quase constante e até nem importa a idade de cada um, porque é importante estar atualizado com as realidades vizinhas.
Sem que nos déssemos conta, num andar vagaroso e ao mesmo tempo apressado, este tempo novo foi-se instalando em nossa vida, definitivamente.
Hoje, só as memórias sabem do que falo e os meninos de outrora, agora homens e mulheres, podem explicar o que sinto, neste tempo novo roubado e jogado no de uma época.
Que outro tempo virá e derrubará este tempo novo?

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