
Próximo ao mercado, encostado na árvore sobre o cais, à beira da lagoa, observo o por do sol pintar de vermelho o horizonte atrás do morro.
O silencio que toma conta da histórica rua Gustavo Richard só é interrompido pelo barulho da tarrafa que o pescador solitário trabalha, incansavelmente, de cima da pedra.
E eu ali, vivenciando o momento, a pescar reminiscências em minha memória.
O mar, a Lagoa, os lugares, as ruas com seus traçados perfeitamente preservados. Tudo tal como na minha infância e juventude.
Quando volto meus olhos para o céu sinto vontade de chutar latas ao lembrar de um tempo em que saia por ai, à toa, assoviando Beatles pelo Jardim Calheiros da Graça.
Mas, subitamente, sou assaltado pela lembrança que o passado é assunto para ser contado através da historia. E o que nos reserva, o futuro, já está acontecendo agora.
Enquanto aqui o silencio de antigas ruas e de seculares casas coloniais guardam a saga de famílias, pessoas e da própria cidade, por detrás da Nossa Senhora da Glória a modernidade se ergue e se agita ás margens do Atlântico. Dos molhes ao pontal o movimento de carros e pessoas é sem igual.
O Jet-Sky que desliza sobre as águas do canal e o barco inflável que manobra junto a bóia de ferro.....tudo lembra o novo.
O vai e vem do bote, lotado, que transporta as pessoas para a passagem da barra e a travessia da balsa cheia de automóveis para visitar a Tereza, a Galheta e a centenária construção do Farol e suas praias.
No Mar Grosso uma moderna arquitetura levanta-se por toda a sua orla acrescentando beleza à paisagem.
Uma perfeita harmonia entre passado e presente esperando uma mudança radical de nosso comportamento com tudo aquilo que entendemos como turismo.
A dualidade do antigo e do novo retratada no complexo urbano de Laguna está a merecer um projeto turístico de longo prazo que leve em conta, também, esta característica de duplicidade, inerente a cidade.
O passado e o presente. A cidade velha e a cidade nova. Assim é que somos conhecidos pelos que nos visitam.