8 de fev. de 2008

Pensando no Carnaval

Fevereiro e Laguna me faz refletir sobre o Carnaval. Penso ser esta uma festa abençoada por Deus ou pelo outro; ou até se os dois, nessa época, não saem pra sambar juntos. O interessante é que a consciência de que somos irmãos, acontece somente em tempo de desgraças. Todas as vítimas de um desastre fazem parte de um grupo que, derepente, se torna o grupo mais importante do mundo, o grupo dos vitimados. O único evento alegre que provoca a mesma sensação de união que o acontecimento de uma catástrofe, é o carnaval. Há horas em que simplesmente somos obrigados a ficar felizes. No Natal temos que sorrir, no ano novo temos que estar desesperadamente eufóricos. O carnaval não. O carnaval é tão liberal que você pode se esbaldar que nem aquela princesinha menina, no sambódromo da Laguna, rebolando, que nem gente grande, na frente da bateria da escola de samba feito uma rainha, ou ficar marcando o passo como um coroa no meio do jardim Calheiros da Graça. Tanto faz, o carnaval é um grande "cada um por si". Podemos até ficar triste. Sim, você tem a permissão de odiar o carnaval (No Natal se o fizer será considerado um herege, mesmo com toda a parafernália comercial tendo tão pouco a ver com Deus). Você pode ir ao cinema, pode ir só à praia, ou só sair à noite. Pode dançar em frente à TV, pode fazer cara de nojo para aqueles bêbados e suados que estão invadindo a sua rua, pode ligar o ar e apagar a luz, pode abrir um livro. O carnaval deixa. O carnaval é festa até para quem não gosta de carnaval. Sabe por quê? Porque em algum lugar do seu eu (nem Freud explica o carnaval...) você vai estar feliz por ser carnaval. Por estar livre. O carnaval é festa da liberdade. No Natal você precisa encontrar parentes, no réveillon precisa vestir branco, ver fogos, tomar champanhe. No carnaval você não precisa fazer nada que não queira. Pessoas respeitáveis têm tanto direito de odiar ou amar o carnaval quanto as não-respeitáveis. Sua atitude perante o carnaval nada diz sobre sua personalidade, mesmo que você se vista de mulher e saia no fabuloso bloco da Pracinha antes de voltar ao escritório, na quarta feira. Feriado universal, o carnaval não agrada só a quem gosta de samba, axé ou pagode. Agrada a quem gosta de suspense, videogame, qualquer coisa. Pode-se fazer o que quiser, é um feriado livre para qualquer atividade. O Rio do carnaval passa e você faz o que estiver a fim, se quiser nadar, faz nada, se quiser pular, mergulha de cabeça, se quiser só se molhar, vai aos pouquinhos. Quando passa, o Rio do carnaval, leva consigo a obrigação das festas de fim de ano, as ilusões perdidas, leva finalmente aquelas tristezas que não foram embora no ano novo, só depois do carnaval o ano começa. Você não precisa comer lentilhas, nem pular sete ondas. Pode ficar quietinho em casa enquanto o rio passa e nos traz um rio novinho, com as águas de março (seja em que mês for) fechando o verão e nos trazendo uma promessa de vida em nosso coração.
Bendito seja o Carnaval.

2 comentários:

Anônimo disse...

Viva o Carnaval. Gostei do som "perhaps Love". Vando - Capoeiras. Floripa.

Anônimo disse...

Alô, Mauro! Nunca esqueces da tua Laguna. O carnaval é lindo e democrático e o de Laguna espetacular.Abraços. Viviane.João Paulo. Floripa