8 de ago. de 2009

Ciencia e milagre

Dia desses li nos jornais a reportagem de uma mulher que além de ouvir musica, via e sentia o gosto. Tal fenômeno tem uma explicação cientifica complicada que eu, pobre mortal e leigo seria incapaz de explicá-lo. Mas o importante é o fato, em si. Ela enxerga e sente, literalmente, a música. Meu pensamento então, reportou-se para a Idade Média onde uma mulher que revelasse ser portadora de tal prodígio, seria considerada uma bruxa e seu destino, certamente, seria a fogueira. Noutro tempo mais recente tratar-se-ia de um milagre. Atualmente, segundo estudos científicos este fenômeno embora raro e previsível é resultado de ligações neuroquímicas cuja manifestação acontece em um número muito pequeno de indivíduos. O progresso é uma das determinadas certezas do mundo da qual, particularmente, não sou muito entusiasta. As minhas leituras da época da faculdade apenas me fizeram crer que neste terceiro milênio triunfaria a razão. E isso não é ilusório diante do que a ciência pode oferecer. O problema são as contradições. Embora, no mundo, se produza comida para todos, ainda há fome. Desenvolve-se tecnologia de exploração em águas profundas enquanto que em terra firme há gente sem moradia. Enquanto no planeta Terra surge diariamente uma variedade de espécies de vida não catalogadas traçamos metas para conquistar o universo. Chove torrencialmente hoje enquanto a previsão do tempo previa muito sol o dia todo. Ainda falta muita coisa embora o conhecimento humano nos mostre que pode dar tudo. Acreditar em milagres torna-se um antídoto, diante da força da ciência e da imparcialidade dos números. O problema é definir o que seria um milagre. Seria um fenômeno que ultrapassa o desconhecido, que insolentemente desafia as fronteiras do real? Fica a pergunta no ar. Mas a coisa que eu sempre acreditei mesmo, é que o êxito das pessoas está em desafiar o que está estabelecido, não se omitir nem silenciar mesmo sob pressões poderosas e ameaçadoras e muitas vezes até, ir ao extremo dando a própria vida por suas convicções. Temos muitos desses exemplos na historia da humanidade. Penso que com tudo que se vê hoje em dia, saber da existência de pessoas capazes de perceber o mundo de maneira diferente, como enxergar e sentir o gosto da música, por exemplo, não deixa de ser um milagre.

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