Compulsoriamente recolhidos em nossos lares somos privados de cumprimentos efusivos e reuniões. O aperto de mão, e o abraço foi postergado por decreto e deu lugar ao afeto a distancia e outras maneiras pouco convencionais de cumprimento. É verdade que perdemos a liberdade das caminhadas de fim de tarde e o gole gelado daquela cerveja no bar da esquina, mas redescobrimos a oportunidade de recuperar os prazeres, de há muito esquecidos, nos arquivos de nosso convívio familiar. Teremos tempo para abrir o antigo álbum de familia guardado no fundo do armário, renovador das nossas recordaçoes; recomeçaremos a leitura daquele livro, na pagina, que nem lembravamos mais; falaremos com ela aquilo que a pressão do tempo, nunca nos deixou falar; e quem sabe ate colocaremos a rodar, na antiga vitrola aquele vinil de Gonzaguina. Sob o som de Começaria tudo outra vez, dançaremos um bolero em nossa sala. E com a cuba livre da coragem em minhas mãos, aguardaremos toda essa tempestade passar, para voltarmos a apreciar da sacada, o pôr de sol de nossos dias ensolarados de esperança.
4 comentários:
Recluso em seu ambiente, o poeta mostra toda a angustiada e amargura desses dias. Entretanto, mostra como esperança, o sabor de viver no convite e prazer de ouvir e brindar, como na música do mestre Gonzaguinha
Começaremos tudo outra vez e, por vezes, sem precisar.
Revivo, nesses dias,a lembrança do cheiro da comida da dona Maria, das brincadeiras mágicas de seu Dario e do barulho daquela casa, cujo o aconchego,não encontro em lugar algum no mundo. E, quando tudo passar, vou valorizar cada ser que divide meus dias e abraçar sem pressa de largar...porque, os afazeres dos dias, não me tirarão a magia de estar sentindo amor.
LINDO TEXTO.
AMO-TE
Esse Mauro faz "cousas". Forte abraço.
Bloco da pracinha, Ana Gondin, campinho do Magalhães, Ginasio Lagunense
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