
Quem me dera ter aquela paisagem dos molhes da barra aqui na minha janela. Poderia diariamente, ver o vai e vem das ondas banhando a areia do Mar Grosso e o sol por inteiro, tingindo o céu de amarelo, quando nasce lá na linha do horizonte.
Daria um tempo nesse ser recluso que o tempo me tornou e sairia caminhando descalço sobre a areia, com os braços soltos ao longo do corpo, como que desmaiados, ouvindo as musicas de amor, fé e liberdade daquelas canções dos anos 60.
Esconderia do olhar dos curiosos, por alguns minutos, esse sujeito de coração quieto e contido, acostumado a ouvir muito e falar pouco.
Certamente, estranharia a todos mudando o tom e o andamento de minha rotina. Não que quisesse ser outra pessoa, não! Seria só para curtir o momento e aproveitar aquele cenário de gaivotas escorregando pelo céu, fazendo lembrar de liberdade; e admirar aquela beleza estonteante grudada no infinito, lá nas lonjuras, além da ilha dos Lobos, parecendo bem perto de mim.
Caminharia pelas manhãs e me entregaria ao sol e a beleza do mar daquele lugar.... e sorriria ainda com mais facilidade do que geralmente, se sorri.
Penso, ás vezes, que minha visão otimista da vida me induz a ver, sentir e descrever a natureza, com um colorido nunca antes revelado. Mas é verdade, também, que o belo está no espírito das pessoas e na maneira como elas observam a paisagem.
E assim, volto dessa viagem ao meu lugar comum, à minha cena real, onde tudo é palpável.
Retorno à rotina sem muita pressa, com a certeza que a vida, deve sempre ser celebrada.
E nas manhãs daqui da minha realidade cotidiana, observo o mesmo sol brilhando por trás de um velho flamboyant de folhas verdes e vistosas, e um Bem-te-vi, me despertando, gritando que já me viu.
Quem me dera, vida!
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