8 de jun. de 2008

Alma de um bar

Com nome nada convencional para um bar, o Necrotério é um templo. Pode ser também, um estado de espírito....Ele é o reino onde os solitários se sentem devidamente servidos de seus copos. Cismando. Refletindo. Arrazoando. Ponto de parada dos amigos, vindos de qualquer parte, em direção a praia do Mar Grosso, o nosso já consagrado bar encontra-se encravado num dos cantos da rua que circunda a praça Souza França (a pracinha) no Magalhães Testemunha auditiva e ocular dos acontecimentos do bairro, incentiva e participa da Corrida de São Silvelho, do baile das Bonecas, do esquenta do Bloco da Pracinha e do Boi no Rolete, do bloco do barulho; eventos consagrados do calendário de festas da cidade. Ele é o habitat comum dos confrades de copo ou simplesmente o local de papear com os amigos. Aliás, nada mais perfeito do que uma amizade iniciada no Necrotério. Os amigos dificilmente se visitam nas suas respectivas casas. Não tomam grana emprestada e não pedem para firmar promissória. No Necrotério fala-se de mulher – quase nunca da nossa – e de política, música e futebol. Mas não vale debater de modo tenso. É que lá não se vai para esquentar a cabeça. Camaradas do Necrotério bar são amigos de velhas jornadas. Um sabe como afagar o ego do outro; e suas divergências são quase sempre postas de lado. Eu falei, quase... Poderia ser mais um botequim qualquer, mas é o Necrotério, e o seu ambiente cheio de palavras amenas e discussões acaloradas, oscila freneticamente entre o santo e o profano. Tem hora que suas mesas são quase confessionários noutra palco de discurso e contestação. Numa mesma conversa, um companheiro ensina as saídas para os problemas materiais, um outro traz as últimas novidades para resolver as questões no plano sentimental. Desconfio até que sejam melhores do que o gerente do banco, o psicanalista e a cartomante. Já me fez até pensar se não seria mais perfeito que os consultórios de psicanálise tivessem mais cara de bar. O espaço se tornaria mais democrático. Os dois poderiam falar. È que observando o consultório freudiano ou junguiano do Necrotério bar, notei que ora se é analista, ora se é paciente. Sem dúvida alguma o Necrotério é um lugar sagrado. Ele inspira porres e papos, músicas e cantadas, frases e compassos, verdades e mentiras. Ainda que se sobreponha as mentiras sobre as verdades. Viva o Necrotério bar! Se Deus quiser e a cerveja não faltar.

2 comentários:

Unknown disse...

esse bar realmente e muito bom eh show de bola

Anônimo disse...

Realmente, O Necrotério bar é demais, pois até crematório(churrasqueira) construiram para aquecer as noites de inverno.