12 de nov. de 2009

A Estrela do Mar

Ao chegar na sala de trabalho deparava com aquela criatura de poucas palavras e um jeito carinhoso e doce no trato com as pessoas. Compenetrada nos seus afazeres ela tinha sempre um sorriso alegre em seu rosto. Fiel a sua descendência, cursava na universidade o italiano, e ainda nas horas vagas atendia as encomendas de echarpes -habilidade cujas colegas descobriram que possuía. -Maristela! Tu sei bella. – Eu a saudava ao encontrá-la no serviço. Ela respondia olhando-me com alegria e estampando um largo sorriso em seu rosto. Essa saudação virou quase um mantra que se repetia em determinados momentos de descontração naquele saudável ambiente de serviço. Tempos mais tarde, quando da minha aposentadoria, eu havia adotado o hábito de eventualmente passar no antigo local de trabalho para rever os colegas que por lá permaneciam. E numa dessas casuais visitas tomei conhecimento que a Mari- apelido carinhoso pelo qual era tratada - estava afastada, e também estivera hospitalizada, por motivo de doença. Procurei e liguei para o numero de seu telefone que uma colega havia me fornecido. Quando ela atendeu o telefone, eu a saudei: -Maristela! Tu sei bella. A identificação foi imediata: -Mauro! Como vais! -Eu vou Bem! Disseram-me que estivesse doente. -Sim, mas agora estou bem. Não te preocupas que eu não vou morrer, não! Notei um barulho de conversa ao fundo; e ela me disse, naquela oportunidade, que estava reunida com algumas amigas no seu apartamento. Colocamos a conversa em dia e nos despedimos. Aquela ligação me confortou. No entanto, meses depois Mari, infelizmente, foi hospitalizada novamente e veio a falecer com o diagnóstico de uma doença fatal. E eu fiquei a pensar o quão frágil é a nossa vida. É mesmo um pequeno sopro divino. Tem certas pessoas que nos deixam tão depressa! Será que elas vão ao infinito, em direção ao porto da eternidade? Será que elas correm naqueles campos vastos de verdes sinistros e flores campestres? Aqui nós ficamos sem entender essa partida e por mais que procuramos, nosso pouco conhecimento não nos fornecerá respostas para essas indagações. A mim, pobre mortal, só resta acreditar que a Estrela do Mar subiu ao céu para brilhar na constelação de Deus. Maristela!!! Tu sei bella.

Um comentário:

Ademir Martins disse...

lindo poema, não sabia que tinhas este dom, abrs., meu amigo não tão velho assim.