21 de jul. de 2010

Não sei pra que!

Era um sujeito muito inteligente. Professor conceituado com doutorado em universidade da França, mas incapaz de ouvir aquelas pessoas mais desprovidas de conhecimento. Dizia professar a fé espírita apesar de apresentar um conteúdo essencialmente materialista. Esforçava-se para conseguir ser atencioso com os mais humildes; mas mostrava pouco interesse em ouvir suas queixas. Achava que nada tinha a aprender com tais indivíduos. Arrogante, orgulhoso e firme nas suas convicções, gostava de estar sempre em evidência. O importante eram sempre seus objetivos, não importava a maneira como alcançá-los. O seu comportamento excessivamente egoísta acabou por afastar de seu convívio, sua mulher e mais tarde também seus filhos. No decorrer dos anos foi se tornando uma pessoa solitária e intolerante. É quando descobre, estar acometido de uma doença incurável. Seguiu à risca um longo tratamento que levou todas as suas economias e também o próprio apartamento onde residia. Mas, infelizmente veio a falecer. Em seu velório, a ironia da vida; uma cena que se ele pudesse teria evitado. No cemitério municipal num canto da sala do necrotério um casal pobre velava um familiar cuja urna modesta revelava toda sua humildade e no outro professores e conhecidos revezavam-se na vigília ao douto senhor. Jaz na urna mortuária o individuo perfeitamente perfilado e com fisionomia de autoridade. O sujeito parecia um rei da dinastia egípcia. Acreditem! O homem fez pose até pra morrer. Não sei, pra que!

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