11 de dez. de 2007

Dezembro

O mês dos balanços, de olhar para trás, do que foi bom e do que não foi. O mês dos planos, de olhar para frente e sonhar com tudo o que ainda pode acontecer. Planejar como se um novo ano signifique mais que novos nomes dados aos dias de nossas vidas. Como ocorre nos inícios, onde as máculas inexistem e o vislumbre é do belo e do bom, como um caderno em branco no início de um ano letivo, que sonhamos preencher com uma bela caligrafia todos os dias, sem amassados, rasgos ou rasuras. Talvez seja uma ilusão, mas é assim que vejo dezembro. É o mês dos araçás, dos butiás, das pitangas. Em dezembro, a grande novidade era o comércio abrir à noite. As Lojas, todos localizadas no Centro, abriam até as vinte e duas horas. Muitos iam às compras, outros somente para passear, paquerar, para se divertir. E havia o cine Mussi.Após as compras ou no final do passeio pelo centro, com a costumeira volta ao redor do jardim Calheiros da Graça, a parada obrigatória era sempre na Miscelânea. Considero uma bênção poder morar em Laguna, onde ainda se pode sair por aí, sem rumo certo ou propósito definido, pelo simples prazer de passear, sentir o cheiro do mar, ver a beleza de suas praias a imponência de seu centro histórico e ainda, extasiar-se no pôr do sol da Lagoa Santo Antonio dos Anjos. Entregue as lembranças, gosto quando me surge a oportunidade, principalmente em dezembro, de percorrer as ruas iluminadas de Natal de nossa cidade. Alguém teve a idéia genial de cortar o tempo em fatias, assim poetou Drummond.
E essa fatia de tempo que cabe a dezembro é toda dedicada ao Natal. Cada fatia de nosso tempo tem uma duração. Lendo ou escrevendo, o tempo voa. Em qualquer sala de espera, ou fila, os minutos somem magicamente pelas largas mangas do tempo e não temos como recuperar aqueles pedaços de momentos perdidos. Pensar resolver-se sem entender-se é pura perda de tempo. Ganhar tempo é ser ágil nas ações e conclusões. O tempo deixa os cabelos brancos, as rugas, e uma gordurinha a mais, mas a alma (ah! Essa sim!), continua atemporal. Continua no inicio das eras quando a vida fresca e orvalhada brilha à luz do sol do amanhã que sempre chegará. E o tempo de Natal é sonoro, cheio de gentilezas e enriquecimentos, quando os sentimentos do coração verbalizam-se. É tempo de semear amor, atenção, carinho, solidariedade. É tempo de sorrir, mesmo sem saber o porquê. É tempo de significâncias, quando reavaliamos nossa trajetória de vida, mudamos nossos rançosos pensamentos, e nossos olhares opacos, embaçados, reaprendem a brilhar, enxergam as pessoas ao nosso redor sob novo prisma e alongam-se na direção do horizonte em busca de novas manhãs. O tempo de Natal é alegre, musical, de solidariedade, de cumplicidade. É tempo de olhar o próximo e descobrir nele um filho de Deus igual a nós, o nosso espelho, a nossa face mais nítida, com compreensões diferentes da vida, com um modo peculiar de olhar os acontecimentos por ângulos que desconhecemos, mas nem por isso menos verdadeiros. É o tempo de mutações pessoais, de troca de energia, de incluir-se no mundo do outro e de excluir-se do egoísmo, da falsidade, do desentendimento. É tempo de sinceridade, de generosidade, de amorosidade não só com o nosso próximo: também conosco. É tempo de sabermos o quanto somos importantes na orquestra da vida, mesmo que apenas carreguemos as partituras.Que somos deuses, mesmo com nossos defeitos. Que somos amados por Deus, mesmo com nossos atos falhos. Que somos a suprema instância da maravilhosa criação divina , mesmo que queiramos nos destruir. E que jamais fugiremos ao destino que nos foi reservado: a felicidade! Feliz Natal, Leitores do papodaesquina!

3 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez a beleza da cronica Dezembro. Que Deus te abençõe. Abraços. Dalva-Coqueiros-Floripa

Anônimo disse...

Dezembro....espetacular,
Mauro.Bendita Laguna. O teu blog é muito bom.Parabéns. Zezé-Coqueiros-Floripa.

Anônimo disse...

Mauro, o papodaesquina é muito bom e o texto Dezembro é excelente.Feliz Natal. Artur-estreito-Floripa.