18 de fev. de 2024

Eu e o Carnaval

Eu ainda gosto de Carnaval! Embora a minha vida de exuberantes carnavais, passados na querida Laguna, os anos não me trazem mais. Eram carnavais mais fraternos. Conhecíamos uns aos outros pelo nome e nossa folia trazia em seu âmago um tipo de cumplicidade responsável . Se é que podemos assim, falar. O ambiente carnavalesco cercado de uma atmosfera mais pura e solidária refletia em nosso comportamento, também, mais singelo. Brincávamos com mais entusiasmo. Éramos mais reais e muito pouco artificiais. O mundo virtual da internet ainda não rondava as nossas cabeças. As fantasias, os colares de plástico, os martelinhos que faziam um barulhinho irritante, serpentinas e confetes que grudavam no suor de nossa alegria carnavalesca eram adquiridas na Casa Linda Baiana do seu Batista. Lembram? A única que vendia todos os apetrechos de momo. Ficávamos horas sentados no meio fio da rua Gustavo Richard esperando o desfile das escolas. As cadeiras, que carregávamos de casa, para nos acomodar durante o desfile, enfileiravam-se pelas calçadas, ao longo do cordão de isolamento. Quando observadas de cima, pareciam formar a moldura de um grande quadro retangular desenhado sobre a rua da praia, onde a tela principal eram as apresentações das fantasias e dos enredos das escolas que por ali desfilavam. Um sonho de verão muito particular, muito nosso. O universo do carnaval estava restrito aquele maravilhoso pequeno mundo que conhecíamos. Nosso pequeno grande mundo. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico e do aparato informativo, a forma como as pessoas encaram o verão e brincam o carnaval, mudou. E eu já não tenho mais aquela disposição para enfrentar estradas cheias, praias lotadas, aquela urgência louca de beber até se acabar, virar a noite pulando e acordar em casa com uma ressaca gigante. Os amigos decretam a minha velhice anunciada, pode até ser..., pode ser..., mas eu sinto muito mais prazer em ficar de longe no canto da casa na rua Getulio Vargas nº 80, me balançando timidamente, olhando a multidão e ouvindo o som do possante trio elétrico do já consagrado bloco da Pracinha. Eu e o tempo mudamos mas, continuo gostando do nosso carnaval.

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