18 de fev. de 2024

Antiguidades


Dia desses quando passava em frente ao prédio do antigo Colégio Stela Maris, lembrei das aulas de datilografia ministrada pelas irmãs daquele estabelecimento, ainda na década de sessenta. È isso mesmo,... aulas que ensinavam a datilografar na maquina de escrever. E aprendia-se a bater nas teclas com os dez dedos. Era um processo todo mecanizado. Foi quando me veio a lembrança a imagem e o formato das máquinas de escrever Olivetti e Remington e também de toda uma gama de produtos comercializados, naquela época, que o desenvolvimento tecnológico e social tornou obsoleto ou em desuso. Lembram o quanto era elegante portar caneta Parker 51, ou mesmo uma Sheafers? E daquele famoso óleo glostora que se passava no cabelo para dar brilho? Tinha até um cidadão, na nossa cidade que de tanto usar, ficou com o apelido do óleo. A Lambreta e a Romiseta eram as motos da moda. O Cadilac, Pontiac, Wemaguete, Doufini, Gordini e o enorme Hudson faziam parte junto com o Fusca e o Oldsmobile da relação de carros que faziam a nossa cabeça. E aqueles discos da RCA Victor, Philips, Continental, Odeon, Copacabana, Poligran de 78 e 33 rotações? Eram todos de vinil. Esses discos apareceram em 1948. Até hoje tem gente que vai longe, atrás deles para sua coleção. Lembro-me de um amigo de adolescência, o Lucio. Na sala da sua casa tinha uma vitrola, com um som muito bom, cujo móvel ocupava quase todo o cômodo. Era de causar inveja. Algumas vezes, passamos as tardes de fim de semana, ouvindo os Compactos e Lp’s do Renato e seus Blue Caps, Celi Campelo, Demetrius, Roberto e Elvis Presley. Os discos eram empilhados num braço mecânico do aparelho que os colocava um a um a tocar. Os aparelhos de TV GE, Semp, Admiral e Windsor, geravam imagens em preto e branco... uma maravilha... e nossas roupas eram confeccionadas nas, então modernas, maquinas de costurar Singer, Vigorelli ou Elgin. Minha mãe tinha uma Singer. Era impulsionada com os pés, através de um grande pedal. Ela a usava para reparar e fazer muitas das nossas roupas de uso diário. Existe, até hoje, como relíquia na casa de uma das minhas irmãs. E a cera parquetina que deixava o assoalho brilhando através das barulhentas enceradeiras Lux. Quem de nós usou as camisas volta ao mundo, as blusas Ban Lon e as calças de Brim Curinga que não encolhiam? E o suco de groselha, o Q-Suco, o Grapett e o Crush das nossas festinhas? Quem se lembra do brinquedo bambolê que surgiu no ano de 1958 nos Estados Unidos? As meninas viviam balançando o corpo naquele brinquedo. A pomada Minancora era a última descoberta para o tratamento do Acne. Os adolescentes, dormiam com suas caras lambuzadas de branco. Quem nunca teve em casa uma maquina Kodak, Polaroid? Lembram-se da Rolleiflex? Era complicado lidar com ela. Quem nunca usou meia de nylon Lotus, cobertor Parahyba ou tomou Biotônico Fontoura? E o sabão granulado Rinso, a alegria do tanque? Lembram? Vai ver que você, quando menino, chorou no filme Marcelino pão e Vinho (1958) e assistiu o filme La Violetera com Sarita Montiel. Lembram quando nos encantava por aquela menina do nosso bairro e a chamávamos de Brotinho? E a missa, que o padre rezava no altar de costas para os fiéis, falava em latim, e as mulheres comungavam de véu preto ou branco. Tempos modernos, aqueles, né? Eu vou parar por aqui porque a minha passagem em frente ao Stela Maris está a denunciar meu verdadeiro tempo. Até breve!

Um comentário:

Ademir Martins disse...

bons tempos, das matinês no Cine Mussi, das meninas "rodando" nas calçadas da praça da Matriz, após o filme, e nós as paquerando/namorando, principalmente as Marildas - nunca vi outra cidade com tantas Marildas e todas muito bonitas - êta dificuldade em decidir qual delas escolher.