18 de fev. de 2024

O carnaval da Laguna

Nós, da terrinha, somos todos, de uma maneira ou de outra, ligados ao carnaval. Podemos dizer que somos foliões, em potencial. E isso pode ser explicado pela maneira alegre e espontânea que encaramos a folia de momo. É uma tradição quase secular. Brincar o carnaval na Laguna é um costume que passa de geração para geração. Ainda criança, nossos pais, como se fosse um ritual de iniciação, levávamos para acompanhar os desfiles, das então agremiações carnavalescas, pelas ruas da nossa cidade. E até hoje é assim. Confesso que não estava programado para passar o carnaval na Laguna, este ano. A Luisa, a mais nova integrante da família, com alguns dias de vida, era um motivo forte para isso. Mas tudo estava acomodado e no seu devido lugar. E no sábado o impulso falou mais forte. Tomei a BR em direção ao sul. Daqui de Florianópolis até Laguna está uma tranqüilidade viajar. Quase toda a estrada está duplicada. Ao chegar notei, como sempre, a cidade lotada e já respirando o ar do clima de carnaval . O desfile das escolas de samba foi o meu programa da noite até a cinco horas da madruga de domingo. Havia cinco anos que não me dispunha a assistir aquele evento. Estranhei o pouco comparecimento e a falta de empolgação do povo. Eu acho que estou ficando um pouco mais observador e exigente em relação a certos quesitos apresentados pelas nossas escolas. Mas deixa isto pra lá. Porque o forte do nosso carnaval, atualmente, é mesmo os blocos de rua. O Bloco Rosa, dispensa apresentação. É sempre uma atração à parte. Sua organização trouxe para a folia o ator Malvino Salvador. Delírio da mulherada. O Bloco da pracinha, com sua democracia peculiar arrasta uma multidão. Nele não se precisa de apresentação e nem abadá. É só vencer o cordão de isolamento da timidez e seguir atrás do trio elétrico. O mais democrático bloco de rua do sul do país sai à rua nos domingos ensolarados do carnaval lagunense. Traz consigo a alegria do que há de mais representativo na sociedade. Políticos, trabalhadores, e empresários; pobres e ricos todos irmanados na agradável missão de sorrir, de festar e até chorar de alegria no reencontro de amigos, afastados da terra, pelas contingências da vida. Ele é a procissão da festa pagã mais popular do nosso carnaval. O profano que se tornou sagrado, consagrado pelo poder da contagiante alegria do folião lagunense. Salve o nosso carnaval. Que ele perdure e se torne eterno nos nossos corações.

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