18 de fev. de 2024

Lição de vida


Era um homem com o dom da alegria – o que não quer dizer necessariamente que fosse sempre feliz; quer dizer que ele era capaz de rir e sorrir de coisas tolas, de continuar olhando com otimismo a vida mesmo na adversidade. Como ser humano e normal tinha defeitos, mas eles se perdiam diante da grandeza de suas qualidades. De poucas palavras mas de gestos fortes e marcantes. Sua presença era a harmonia do ambiente. Gostava de reunir seus filhos e senti-los por perto. Tinha um respeito admirável pelo ser humano. Dificilmente levantava a voz para alguém. O seu olhar era o sinal de aprovação ou desaprovação de nossos atos. Dedicado ao trabalho, conduzia a locomotiva sobre os trilhos como se eles fossem a sua própria estrada da vida. Sempre alimentava a esperança de um futuro melhor com a frase irônica que nunca saiu de minha memória. “Se vier o que eu estou esperando...” Onze anos se passaram e, de fato, nunca esqueci essa perda. No seu dia uma parte de mim chora essa ausência. Com meu pai aprendi de caráter, de humildade, generosidade, esperança, lealdade e verdade. Aprendi de perdoar – muitas vezes, a mesma pessoa todos os dias. Aprendi que sem trabalho não há sorte que nos acompanhe e que é preciso insistir. E também me lembro que entre tantas coisas boas que minha memória abarca dessa figura tão especial para a minha vida, uma das lições mais importantes que recebi do meu pai foi a de que nada deve nos paralisar. Ensinou-me que sempre deveremos ter o tempo como nosso aliado. Ele ajuda a resolver a maioria dos nossos obstáculos e descaminhos. Foi com essas lições que aprendi a me manter de pé, mesmo com ventos nem sempre favoráveis... Obrigado, pai, pela bonita lição de vida.

Um comentário:

Geovana disse...

Este texto me remeteu à lembranças lindas do meu querido pai. Realmente, a voz raramente elevava o tom. Nos fez fortes, unidos e esperançosos sempre. Obrigada mano por tão gratificante leitura.