6 de set. de 2007

A comunicação do nosso tempo

Sentado em frente ao computador, lembro de um tempo em que a máquina de escrever era o instrumento usado para datilografar textos e documentos
As cópias conseguidas através do papel carbono, borravam com insistência, nossos dedos e perturbavam nossa paciência.
O barulho do teclado ainda é o mesmo, mas o avanço tecnologico alcançado, nestas ultimas décadas, mudou o formato e a maneira da comunicação mundial desse século. O reflexo dessas mudanças são sentidas no dia a dia do relacionamento entre as pessoas.Existe um certo distanciamento nos contatos interpessoais. Estamos ficando, um tanto, sós.
Não vai muito longe uma época em que as salas de cinema, e as praças das cidades eram os locais que nos propiciavam a oportunidade de ver pessoas, contar novidades e trocar opiniões. Tudo acontecia ali, no cara a cara. Sentiamos a reação das pessoas.
Nas tardes de domingo corriamos para assistir aos famosos seriados no cine Mussi. A reunião já começava na entrada do cinema, com a troca de gibis e de figurinhas, principalmente de futebol, colecionadas para completar nossos álbuns. Ficavamos ansiosos, a espera do fim de semana, para assistir o desenrolar do próximo capítulo da série.
Tinhamos mais tempo para conversar e fazer amigos. Não estavamos atrelados a horários de novelas e nem a bate-papos virtuais dos okuts e email's. Com o advento de novas tecnologias, esses locais foram, aos poucos, se esvaziando. Os cinemas conseguiram subsistir, somente em grandes centro urbanos, dentro dos shoppings e as praças permanecem, mas os seus bancos estampam a solidão dos centros de nossas cidades. Na grande maioria das médias e pequenas cidades do país as salas de projeção, cerraram suas portas.
A evolução cientifica dos meios de comunicação de nossa atualidade recolheu o ser humano para o limite de suas casas.
Se por um lado, a televisão, o DVD e o computador trouxeram avanços importantes na maneira e na arte de se comunicar, por outro, nesse primeiro momento, interferiram negativamente nas relações interpessoais. Estes inventos tornaram a comunicação numa via de mão única. Os formadores de opinião estão ditando o que devemos ver e ouvir.
O individuo é induzido a acreditar nos acontecimentos veículados pelos sistema de informação, sem a oportunidade de contestá-los.A televisão com suas programações e horários, inteligentemente bem concebidos, contribuiu decisivamente para que este fenômeno acontecesse.
Fomos subtraídos dos antigos e costumeiros espaços, usados para interargir socialmente. Surgiu, com os aparelhos de video, as já consagradas lojas de aluguéis de fitas em DVD. Com a sua popularização, tornou fácil e econômico alugar DVD's e assistir os filmes, em casa com a família.
O ruído na comunicação se acentua, quando esses aparelhos são alocados nos quartos dos filhos. Recolhidos em seus aposentos, o tempo na frente da televisão e do computador, ultrapassa, em muito, aquele da conversa entre os membros da mesma família.
Estamos nos tornando ilhas no meio de um oceano de informação. A competição no ambiente de trabalho vem individualizando as pessoas, acirrando animos e prejudicando os relacionamentos profissionais.
O stress e a depressão são doenças relativamente novas, que se intensificaram motivadas por essa mudança comportamental exigida pela vida moderna. As empresas já não utilizam mais o atendimento direto ao cliente. A informática criou a telefonia digital e com ela surgiram os telemarketing's. Um serviço distanciado e impessoal, que numa sociedade alegre e descontraída como a nossa, na maioria das vezes, se mostra ineficiente.
Este sistema de atendimento adotados, na sua maioria por empresas prestadoras de serviços, quando muito, resolvem parcialmente os problemas levantados por seus clientes.
Esta não é uma critica velada às invenções tecnológicas da comunicação de nossa era, mas uma constatação de quanto estamos reféns de determinados veiculos educativos em detrimento de outros. È verdade que os atuais meios de informação a disposição do homem moderno, democratizou o conhecimento. Mas submeteu a sua natureza gregária a um certo grau de solidão. Existe, agora, uma máquina no meio do caminho do relacionamento das pessoas.
Não podemos deixar nos robotizar. Ainda existe um oásis neste deserto de comunicação impessoal ao qual estamos submetidos.
A representação e a leitura são hábitos seculares que agregam e ajudam no desenvolvimento educacional da sociedade.
Os teatros e as bibliotecas, são centros de arte e cultura onde podemos nos reunir, assistir, ler e trocar idéias. Eles devem ser incentivados e encorajados a continuar existindo, nas cidades de nosso país, para o benefício de nossas comunidades.

1 de set. de 2007

O Porto

Quando tratamos de assuntos relacionado a obras, em Laguna, invariavelmente entramos no quesito Porto de Laguna. Em seu livro Porto da Laguna- A Luta de um Povo Traído, lançado em 1995, o seu criador, jornalista Walmir Guedes relata com muita propriedade os descaminhos que levaram um Porto ,que poderia ser considerado estratégico para a economia da região sul, a uma situação de quase total abandono.
Entretanto, como bem relata o autor, a luta pela restauração e reabilitação de nosso porto já dura mais de um século. E a despeito da grande obra de retificação que hoje se executa, com louvores, a atual administração municipal, endossada pelo governo federal, o Porto da Laguna devidamente restaurado, creio, não atenderá mais aos antigos anseios, tão arduamente perseguidos pela sociedade lagunense; qual seja, tornar o porto lagunense num escoadouro de carga importante para região sul do país.
O raciocínio é muito simples. De um século para cá, muita coisa mudou. A ciencia criou novas tecnologias de transporte rodoviario modernas e avançadas. Instalou-se aqui uma competente industria de automotores e o pais criou toda uma infraestrutura de transporte voltada para a demanda da industria automobilistica. Hoje a grande maioria dos produtos brasileiro é escoado de seus locais de produção por grandes carretas que circulam pelo território nacional, através de estradas com ótimas condições de tráfego. O eixo do transporte de carga no brasil mudou, radicalmente, de maritimo para rodoviário.
Os nossos portos marítimos foram, praticamente, abandonados a própria sorte. Sobrevive, atualmente com muitos problemas, somente aqueles portos voltados para exportação e importação. Cito como exemplos o caso dos portos de Vitória e Itajaí.
Quero ressaltar aqui, prezados blogueiros, que não estou desmerecendo a obra que acontece em nosso porto. Em hipótese alguma. Acho a retificação dos molhes do porto de Laguna um feito de engenharia extremamente necessária a vida de nossos habitantes.
Ela ajudará no desassoreamento de nossa lagoa e na oxigenação de suas águas com a melhora do fluxo das marés. Aumentará, assim a profundidade dos canais de entrada da barra. Isto propiciará o acesso de navios com calados maiores ao nosso porto e será de importância vital para as espécies marítimas que vivem naquele habitat.
Entretanto o objetivo primeiro de nossa reinvidicação se perdeu no tempo. Nesse quase um século em que nos propusemos a lutar pela revitalização de nosso porto de carga, o foco do transporte de carga no Brasil mudou para as estradas.
Mas não foi em vão nossa luta. Quem sabe num futuro próximo estaremos recebendo em nossa cidade, via porto da Laguna, alguns desses cruzeiros marítimos que vagueiam pela costa brasileira. E a industria turistica venha nos forçar a adotar uma estrutura planejada e bem organizada para melhor receber nossos visitantes. Esta terra de grandes histórias e belezas naturais está a merecer um projeto turistico de qualidade.