24 de jun. de 2023
Filosopapiando
Reflexão
22 de jan. de 2021
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
21 de dez. de 2020
A Conjunçao
19 de dez. de 2020
Eu, Papai Noel.
27 de out. de 2020
NIRVANA
Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;
Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;
Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;
Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!
27 de mar. de 2020
Quarentena
31 de dez. de 2019
Falando de Ano Novo
21 de dez. de 2019
Cronica de Natal
2 de dez. de 2019
Rua da Saudade nº 80
Tem certos dias em que a solidão convoca uma assembléia geral da minha vida. Então saio daquela festa correndo para chegar naquela rua antes que anoiteça e a escuridão espante a magia. Chego em frente ao meu passado, espreito os fantasmas que rondam a minha mente, e entro na casa que já não mais existe. Lembro-me da escada que levava, ao meu quarto no sótão e das três vigias que mostrava o movimento da rua. Da chegada, de madrugada, dos bailes sociais do Tres de Maio, de terno, gravata e aquela famosa camisa volta ao mundo, era uma verdadeira escalada. Das fabulosas concentrações, nos domingos de Carnaval, para apreciar o Bloco da Pracinha. Ali, também foi o lugar da minha solidão de adolescência, onde buscava ansiosamente o mundo, através das ondas curtas de um pequeno radio de pilha. Lembro-me, especialmente, do pé de Lagrima de Cristo enfeitando o muro com suas flores, todas as primaveras, bem em frente a porta de entrada da cozinha, orgulhosamente, cultivado por minha mãe. No meio dessa cozinha numa mesa retangular com seis cadeiras, quase sempre eu a encontrava sentada, quando vinha visita-la durante minhas folgas da universidade.
Num dia qualquer de 2014 mudou de mãos, passando para minha irmã Ana Elisa. Era um mês de maio, deixei Florianópolis, onde moro desde 1970, e fui com minhas irmãs e a Nilba, minha mulher, olhar pela última vez a casa, vazia, sem móveis, sem vida; é quando meus pensamentos são interrompidos pela presença da bandeira do divino entrando portão à dentro. Como acontecia todos os anos, desde os tempos de meus pais, o cortejo estava percorrendo naquela tarde de domingo a rua solitária e cheia de saudades.
Até a alguns anos atrás, muitas noites mergulhei em lembranças, com aquela imagem da casa vazia, sem vida, me atormentando o sono.
Mas na sombra das recordações, revejo a casa, meus mortos mais amigos, a minha afinidade mais constante. Vejo dona Maria mais nova do que hoje sou, e seu Dario, que deveria ter a idade que hoje tenho. E essa invasão das fronteiras do tempo mistura tudo. E relembro mais de alegrias que de angústias vividas sob o teto daquela meia-água de vigias para a vida.
Lembro-me de um tempo de luz onde a felicidade era agradecida nas orações de minha mãe, nas missas da igreja do Magalhaes.
Foi ali que vivi os melhores momentos de minha juventude. A Rua Getulio Vargas nº 80 ficou gravada no arquivo de minha memoria com o nome de - doces lembranças.