18 de fev. de 2024

A sexta-feira dos meses

De onde será que vem a magia do Natal? Eu acho que ela surge da fé que move os corações dos que ainda creem no amor. Daqueles que acreditam na esperança de um mundo solidário, fraterno e justo para todos. Dos que guardam dentro de si, ainda um pouco da frágil, mas intensa e poderosa ingenuidade de criança. Somente a pureza dos sentimentos mais nobres é capaz de nos envolver na atmosfera do espírito natalino. E isto acontece justamente em Dezembro. Mês no qual sentimos a expectativa do fim e também do recomeço. Ali despertamos nossa consciência para a finitude da vida. E de como o tempo está feito água, escorrendo pelas palmas de nossas mãos e nos abandonando pelas pontas do dedo. Muito provavelmente não será por isso que nos tornamos mais sensíveis aos apelos de nossos semelhantes. Talvez tudo aconteça por causa do contagiante poder de bem querença que tem o clima de Natal. È como se a fada da bondade nos tocasse com sua varinha mágica e nos despertasse para aqueles sentimentos que ficaram esquecidos nos onze meses que se passaram. Em Dezembro, tem-se a impressão de que o que vai acabar não é o ano, mas, sim, o mundo. E é assim mesmo. Gastamos o que não temos. Festamos todos os dias. Anunciamos aos que amamos o quanto eles nos são caros. O interessante é que passamos economizando. Camuflamos nossos sentimentos e ficamos em casa quase o ano inteiro. Enfim, hibernamos onze meses para viver, dezembro. A sexta-feira dos meses. Quem dera todos os meses do ano feitos de Dezembro.

O carnaval da Laguna

Nós, da terrinha, somos todos, de uma maneira ou de outra, ligados ao carnaval. Podemos dizer que somos foliões, em potencial. E isso pode ser explicado pela maneira alegre e espontânea que encaramos a folia de momo. É uma tradição quase secular. Brincar o carnaval na Laguna é um costume que passa de geração para geração. Ainda criança, nossos pais, como se fosse um ritual de iniciação, levávamos para acompanhar os desfiles, das então agremiações carnavalescas, pelas ruas da nossa cidade. E até hoje é assim. Confesso que não estava programado para passar o carnaval na Laguna, este ano. A Luisa, a mais nova integrante da família, com alguns dias de vida, era um motivo forte para isso. Mas tudo estava acomodado e no seu devido lugar. E no sábado o impulso falou mais forte. Tomei a BR em direção ao sul. Daqui de Florianópolis até Laguna está uma tranqüilidade viajar. Quase toda a estrada está duplicada. Ao chegar notei, como sempre, a cidade lotada e já respirando o ar do clima de carnaval . O desfile das escolas de samba foi o meu programa da noite até a cinco horas da madruga de domingo. Havia cinco anos que não me dispunha a assistir aquele evento. Estranhei o pouco comparecimento e a falta de empolgação do povo. Eu acho que estou ficando um pouco mais observador e exigente em relação a certos quesitos apresentados pelas nossas escolas. Mas deixa isto pra lá. Porque o forte do nosso carnaval, atualmente, é mesmo os blocos de rua. O Bloco Rosa, dispensa apresentação. É sempre uma atração à parte. Sua organização trouxe para a folia o ator Malvino Salvador. Delírio da mulherada. O Bloco da pracinha, com sua democracia peculiar arrasta uma multidão. Nele não se precisa de apresentação e nem abadá. É só vencer o cordão de isolamento da timidez e seguir atrás do trio elétrico. O mais democrático bloco de rua do sul do país sai à rua nos domingos ensolarados do carnaval lagunense. Traz consigo a alegria do que há de mais representativo na sociedade. Políticos, trabalhadores, e empresários; pobres e ricos todos irmanados na agradável missão de sorrir, de festar e até chorar de alegria no reencontro de amigos, afastados da terra, pelas contingências da vida. Ele é a procissão da festa pagã mais popular do nosso carnaval. O profano que se tornou sagrado, consagrado pelo poder da contagiante alegria do folião lagunense. Salve o nosso carnaval. Que ele perdure e se torne eterno nos nossos corações.

Eu e o Carnaval

Eu ainda gosto de Carnaval! Embora a minha vida de exuberantes carnavais, passados na querida Laguna, os anos não me trazem mais. Eram carnavais mais fraternos. Conhecíamos uns aos outros pelo nome e nossa folia trazia em seu âmago um tipo de cumplicidade responsável . Se é que podemos assim, falar. O ambiente carnavalesco cercado de uma atmosfera mais pura e solidária refletia em nosso comportamento, também, mais singelo. Brincávamos com mais entusiasmo. Éramos mais reais e muito pouco artificiais. O mundo virtual da internet ainda não rondava as nossas cabeças. As fantasias, os colares de plástico, os martelinhos que faziam um barulhinho irritante, serpentinas e confetes que grudavam no suor de nossa alegria carnavalesca eram adquiridas na Casa Linda Baiana do seu Batista. Lembram? A única que vendia todos os apetrechos de momo. Ficávamos horas sentados no meio fio da rua Gustavo Richard esperando o desfile das escolas. As cadeiras, que carregávamos de casa, para nos acomodar durante o desfile, enfileiravam-se pelas calçadas, ao longo do cordão de isolamento. Quando observadas de cima, pareciam formar a moldura de um grande quadro retangular desenhado sobre a rua da praia, onde a tela principal eram as apresentações das fantasias e dos enredos das escolas que por ali desfilavam. Um sonho de verão muito particular, muito nosso. O universo do carnaval estava restrito aquele maravilhoso pequeno mundo que conhecíamos. Nosso pequeno grande mundo. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico e do aparato informativo, a forma como as pessoas encaram o verão e brincam o carnaval, mudou. E eu já não tenho mais aquela disposição para enfrentar estradas cheias, praias lotadas, aquela urgência louca de beber até se acabar, virar a noite pulando e acordar em casa com uma ressaca gigante. Os amigos decretam a minha velhice anunciada, pode até ser..., pode ser..., mas eu sinto muito mais prazer em ficar de longe no canto da casa na rua Getulio Vargas nº 80, me balançando timidamente, olhando a multidão e ouvindo o som do possante trio elétrico do já consagrado bloco da Pracinha. Eu e o tempo mudamos mas, continuo gostando do nosso carnaval.

7 de out. de 2023

Nossa rua Ramalhete





 No arquivo  da minha memória dos dias que já são saudades, fui abrindo  recordações  escondidas nas esquinas do passado! 
Pelas antigas ruas da cidade, tenho a lembrança de jovens colegiais desfilando entre os tapetes coloridos, sob a vigília das religiosas Irmãs da Sociedade Divina Providencia, na celebração da procissão de Corpus Christus.
Acompanhadas por olhares maliciosos de rapazes em uniformes do CEAL, elas seguravam seus vestidos protegendo-se do atrevido nordeste que soprava, ruidosamente, a rua da "Paixão", e sacudia as palmeiras reais do Jardim.
Sobre o  muro do colegio Estela Maris, nas tardes ensolaradas de verão, o namoro despretensioso e sem aparente razão, era trocado em bilhetes cheios de frases que tocavam o coração! 
Na pasta do arquivo referente a eventos escolares, está gravada aquela  conturbada aula pratica de  Quimica onde a professora Isabel, ao manipular os elementos da experiencia, queimou os dedos.
O fato não teria acontecido, se a equipe escolhida para redigir o jornal Alvorada, não tivesse se reunido, na noite anterior no laboratório de quimica, acompanhada do famoso "limãozinho" trago por um colega, escondido na garrafa de café! 
Até hoje não se soube quem, inadvertidamente, misturou as substancias da reação quimica que causou o acidente!
E naquela mesma noite, que por coincidencia antecedia a comemoração do dia do Estudante, houve tambem uma "encenação religiosa", realizada pelos incautos colegas no altar construido no interior do CEAL, para a Celebração da missa do Estudante.
Tal fato chegou aos ouvidos do Padre da Paroquia que desabou um ruidoso sermão aos fiéis na missa de domingo, contra a heresia praticada por aqueles alunos  infieis!
Isto foi a gota d'água para um posicionamento mais firme da direção do estabelecimento que  determinou a suspensão ás aulas, por tres dias, de alguns "redatores" do então jornal Alvorada, e a decretação do fim das proximas edições pelo, então, diretor, professor Rubens Ulisséa.
O Alvorada era um apanhado de conhecimentos de diversas areas da cultura e da ciencia, anualmente elaborado pelos alunos do terceiro ano do Científico, cujo destino final seria a biblioteca do CEAL, onde existia um acervo cultural, caprichosamente, cuidado pela Olga ( Olguinha), zelosa funcionaria daquele importante recinto!
Mais uma fustigada no arquivo da  memória e vem a baila a gazeada da prova de Fisica, que aconteceria naquela tarde, ministrada pelo então, Mestre Sergio ( in memoriam), hoje no Oriente Eterno 
 Um colega de Turma, chegou anunciando,  ruidosamente, aos quatro cantos do CEAL, que as alunas internas do Estela Maris estavam se banhando na praia do Mar Grosso.
Todos, sem exceção, colocaram seus materiais embaixo do braço e rumaram, pelo morro da Carioca, em direção a praia.
Infeliz engano! Fomos traidos pela meia informação; a praia que elas teriam ido seria a da Tereza, onde existia uma espécie de retiro das Irmãs do Colégio.
Tivemos que estudar dobrado o resto do ano, para superar o Zero tomado pela turm.
Na parte da memória que estão guardados os eventos sociais a lembrança  dos bailes onde o conjunto musical The Claytons, embalava nossos sonhos no ritmo quente das canções das antigas "paradas de sucessos".
A cuba-libre da coragem  em nossas mãos era o bálsamo milagroso para chegar nas meninas com o convite decorado, tal como um refrão:
-- Muito prazer! Vamos dançar?
De rosto colado e atento a canção, falavamos coisas no ouvido de  faze-las tremer dentro do vestido.
Isso, quase sempre, era o estopim de um namoro que continuava nas badaladas "festinhas americanas" onde deixávamos rodar, a todo  volume, o som dos Beatles  no toca discos á pilha  (novidade tecnológica da época), dançando e sonhando com a esperança de um dia, quem sabe, eles viessem aqui para cantar as canções que a gente sempre quer ouvir! Anos dourados que antigos jovens de cabelos prateados  nunca conseguirão deletar de suas memórias.

24 de jun. de 2023

Filosopapiando


O tempo, apesar das divisões que criamos para limitá-lo, não para. Ele segue em direção ao infinito sem descontinuidade. Então o ano novo já nasce velho. Os períodos e os ciclos, inventados pelo homem, são partes de tempo com validade limitada. Para nós, tudo está colocado num intervalo entre um inicio e um fim. Esses intervalos de tempo, vitais a nossa condição humana, são condicionantes criadas pelo homem, para melhor suportar o intolerável para nós humanos; a continuidade ininterrupta da vida. A limitação é da natureza do ser humano. Assim é que somos dotados de visão para enxergar somente em três dimensões e ouvir as ondas sonoras em determinada faixa de freqüência. E, talvez, por estarmos presos aos limites, temos dificuldades em conceber o universo sem fronteiras. O ilimitado, o infinito. É difícil pra nós, entender que o universo não é só grandioso; ele é infinito. Então, essa necessidade de partição do tempo em ciclos, para nos proporcionar sempre um recomeço. Isto sugere uma renovação de nossas esperanças em algo que pode ser melhor. E, essa sensação esperançosa de começar de novo, é o combustível que alimenta nosso ser para seguir adiante a vida. E a vida, por sua vez, é um sopro divino do criador ou uma multiplicação de células acontecidas ao acaso, num ambiente propício qualquer, como quer a ciência? Este é o grande ponto de interrogação que paira sobre nossas cabeças. Um mistério que desafia a inteligência de pobres mortais, como nós, e nos mostra nosso tamanho. É ai que o sentimento humano nos faz retornar para o nosso observatório cotidiano e nos coloca no nosso verdadeiro lugar para constatar com simplicidade, que chegamos nessa vida sem nada e iremos partir somente com nossas roupas surradas. Também, nos faz refletir sobre o refrão da canção que diz: Todos os dias é um vai e vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega pra ficar. Tem gente que vai pra nunca mais. Tem gente que vem e quer voltar. Tem gente que vai e quer ficar. Tem gente que veio só olhar. Tem gente a sorrir e a chorar. E assim chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida. A plataforma dessa estação é a vida. E, finalmente pensar, que viemos para o mundo sem pedir e um dia iremos embora sem querer. Por isso devemos aproveitar, com sabedoria, esse pequeno intervalo.

Reflexão




O vento da esperança sopra em tua direção, menino obreiro da justiça e da igualdade; e o facho de luz que te orientou no caminho do bem e da ventura, continua a brilhar no coração daqueles que persistem na tua fé.
Lutastes bravamente tentando mudar os conceitos elitistas então vigentes, e tornastes escravos em homens livres e, arrogantes senhores em cidadãos, simplesmente.
A semente que plantastes no oriente gerou a árvores cujos frutos alimentam a numerosa legião de espíritos cristãos oriundos dos diversos segmentos sociais espalhados pelos quadrantes da terra.
Ergueram-se templos em tua memória e tuas sábias palavras foram perpetuadas no livro sagrado dos teus ensinamentos.
Mas, embora consistente, a lição de fraternidade que nos deixastes, ainda conflita com o sentimento de cobiça e de poder dos homens de nossos dias, onde a humildade e a tolerância vivem à margem de nossa sabedoria.
Os teus ensinamentos, mestre, desafiam os tabus e preconceitos impregnados na nossa inteligência, fazendo-nos eternos aprendizes daquilo que deveria ser atributo da natureza humana.
No entanto, tamanha é a verdade de tua pregação, que os dois milênios que a separam de nossa atualidade, em nada altera a extensão e o apelo de seu conteúdo, tornando-a cada vez mais necessária, aos desígnios da humanidade.
E hoje, mensageiro da paz e da concórdia, quando os sinos dobrarem nos campanários das igrejas a festejar a tua data natalícia, nós te presentearemos com o gesto que exaustivamente nos ensinastes; nos confraternizando e desejando uns aos outros, Feliz Natal!
Feliz Natal, Leitores do blog papodaesquina.

22 de jan. de 2021

Desencanto



Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.


manuel bandeira BANDEIRA, M., A Cinza das Horas, Teresópolis, 1917.

21 de dez. de 2020

A Conjunçao


Os cientistas da astronomia estão a chamar nossa atenção para um fenômeno que esta acontecendo nos céus! Tal como no nascimento de Jesus, quando a estrela de Belém, iluminou o céu do Oriente a conjunção de dois planetas, nestes dias, iluminará a escuridão do nosso firmamento. Uns estudiosos dizem que o acontecido na época de Cristo, foi causado por uma explosão de uma estrela supernova e não uma conjunção de planetas. Entretanto, nos dois casos há uma liberação monumental de energia irradiando por todo o universo. Num caso, a explosão - arrebentação súbita, violenta e ruidosa provocada pela libertação de um gás ou pela expansão repentina de um corpo sólido, que, no processo, se faz e)m pedaços- . No outro através da conjunção -ato ou efeito de conjungir, de ligar ou associar uma coisa ou pessoa a outra(s), unir, ajuntar. Num há uma destruição para liberar claridade e morrer. No outro ha uma união, associaçao de energias para iluminar o espaço escuro e vazio! Dois planetas se avizinham e unem suas energias num só brilho para clarear o universo! Júpiter e Saturno estão em Conjunção. Esse é um acontecimento capaz de despertar nossa atenção para um exemplo a ser seguido pela humanidade! A União de energias em prol do bem estar dos povos! A comunhão fraternal de nossas luzes direcionadas para um caminho seguro pelo qual poderemos trilhar nossas vidas! 
A conjunção dos povos em favor das bem aventurançasI da vida seria nosso redençao, como seres humanos! 
Pensemos, então, na possibilidade da conjunção como instrumento de ajuda no resgate de nossos valores humanos!
Este seria o caminho pelo qual poderíamos fazer de cada dia de nossa vida, um feliz Natal.

19 de dez. de 2020

Eu, Papai Noel.


Pra não dizer que não falei de Natal eu vou falar dos meus dias de Papai Noel desajeitado, tentando substituir o insubstituível! Essa é minha saga natalina! Mamãe Noel, que sempre recebeu e deu as cartas nas festas natalinas agora, por questões alheias a sua vontade, me passou essa espinhosa incumbência. E la vou eu perdido e solitario pelos shoppings e comércio da cidade mostrar minha inexperiência com presentes! Confesso que falta muito nesse Papai Noel de primeira viagem! Convenhamos, elas são campeãs! Coragem para mandar descer as trecalhadas das prateleiras, intuição para escolher aquilo que mais combina com o presenteado e, muitas vezes, firmeza e dissimulação  para dizer que, de nada, se agradou! Sinceramente, eu não serviria para ser vendedor!
Mas, voltando ao meu assunto de Papai Noel, democraticamente imposto  pela excelentissima; eu, geralmente sempre entro na loja, já com cara de vitima! E foi numa dessas situações, onde eu explicava o porque de ser compulsoriamente alçado ao posto de Papai Noel,  que a vendedora me deu a feliz ideia: tira foto da peça no watts que ela analisa e decide. Eureka! A coisa deu tão certa que a margem de erro e trocas caiu pra zero! Mas sempre aonde tem os prós tambem tem os contras. Dia desses, manipulando meu celular a frente de um amigo, esse me perguntou se eu tinha algum site de vendas pela internet devido a quantidade de fotos de roupas e brinquedos! Seria demais ter que explicar tudo novamente! Eu sorri e desconversei!
Mamãe Noel ainda continua firme no seu trono natalino! E eu sendo uma das renas no seu trenó! 
Que o espírito de Natal ilumine nossas vidas.
Feliz Natal!
 
 

27 de out. de 2020

NIRVANA


Viver assim: sem ciúmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angústias e felicidades,
Deixando pelo chão rosas e espinhos;

Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e às falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;

Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vê, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;

Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro - é ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!

Autor: Antero de Quental

27 de mar. de 2020

Quarentena

E de repente a cidade vira um deserto de concreto, sombrio e mudo, sem teto, sem vida. Por entre ruas e vielas o silencio passeia impune, nas calçadas e jardins, cheio de lembranças e pleno de solidão. Na torre da Igreja o relogio, entoa seu som, marcando mais uma hora  de um tempo cheio de nada.  A incerteza do amanhã refletida no olhar das pessoas, denuncia um medo terrivel do inimigo que conhecemos só  de nome.
 Compulsoriamente recolhidos em nossos lares somos privados de cumprimentos efusivos e reuniões. O aperto de mão, e o abraço foi postergado por decreto e deu lugar ao afeto a distancia e outras maneiras pouco convencionais de cumprimento. É verdade que perdemos a liberdade das caminhadas de fim de tarde e o gole gelado daquela cerveja no bar da esquina, mas redescobrimos a oportunidade de recuperar os prazeres, de há muito esquecidos, nos arquivos de nosso convívio familiar. Teremos tempo para abrir o antigo álbum de familia guardado no fundo do armário, renovador das nossas recordaçoes;  recomeçaremos a leitura daquele livro, na pagina, que nem lembravamos mais; falaremos com ela aquilo que a pressão do tempo, nunca nos deixou falar; e quem sabe ate colocaremos a rodar, na antiga vitrola aquele vinil de Gonzaguina.  Sob o som de  Começaria tudo outra vez, dançaremos um bolero em nossa sala. E com a cuba livre da coragem em minhas  mãos, aguardaremos toda essa tempestade passar, para voltarmos a apreciar da sacada, o pôr de sol de nossos dias ensolarados de esperança.

31 de dez. de 2019

Falando de Ano Novo

Não costumo me vestir de branco, nem ir para Beira Mar ver a queima de fogos a meia noite. Muito menos faço coro aquela surrada canção: adeus ano velho/ feliz ano novo/que tudo se realiza/No ano que vai nascer....
fico muito acabrunhado, quando vai chegando o final do ano. O marasmo toma conta das minhas lembranças.
Porque não agradecer as realizações no ano que está acabando? E também, as adversidades que não aconteceram? costumamos ser ingratos com o ano que está acabando. 
Nasce um ano novo num virar de folha de calendário; num soar de doze badaladas no relógio da igreja matriz. Quem irá me garantir que a meia-noite tudo não mudará e acabará com a harmonia que até aqui permeava nossas vidas, sem que nos apercebêssemos. É sempre prudente lembrar que as adversidades estarão a um passo da felicidade. Nunca deveremos esquecer isso!
tomara, que no próximo ano, o sonho continue para quem vive um sonho e o pesadelo termine para quem vive um pesadelo.Tomara que em 2020 sejamos todos vitoriosos e que o pensamento de possíveis problemas sirva apenas para avivar nossos corações na nossa luta diária.
Mas, enquanto o ano Novo não vem, sejamos justos e benevolentes com o velho.
Reconheçamos o que aconteceu de bom e o que não aconteceu de ruim...
Aproveito a oportunidade para agradecer os leitores do Papodaesquina muitas vezes dedicando-me uma atenção adicional com um comentário.

21 de dez. de 2019

Cronica de Natal



Resultado de imagem para fotos arvores de natal enfeitadas"Quem falou que não existe Papai Noel? Este é um tipo de mantra repetido pelos descréditos na tentativa de afugentar esse nobre sentimento de humanidade que a áurea natalina é capaz de nos causar. O Espirito de Natal esta espalhado pelos quatros cantos da cidade. Basta observar nas ruas a iluminação e decoração das pontes, elevados, sacadas dos edifícios e nos jardins das casas para notar que ele está por aí! São muitos os adereços pendurados nas portas das residências saudando a chegada do bom velhinho.
Pelo mundo afora, de acordo com as tradições dos povos,  ele recebe diversos nomes. A expressão Papai Noel é francesa ( Noél-Natal em francês). Na cultura ocidental as crianças recebem presente, por conta do Papai Noel, no dia 24 de dezembro ou no dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau ou São Basilio (1º janeiro), na Grécia.  Conforme o mito, Papai Noel mora no Extremo Norte, numa terra de neve eterna. Na versão americana, ele mora em sua casa no Polo Norte, enquanto na versão britânica frequentemente se diz que ele reside nas montanhas de Korvatunturi na Lapônia, Finlandia. Papai Noel vive com sua esposa Mamãe Noel, incontáveis elfos mágicos (criatura mística da mitologia céltica) e oito ou nove renas voadoras. Outra lenda popular diz que ele faz uma lista de crianças ao redor do mundo, classificando-as de acordo com seu comportamento, e que entrega presentes, como brinquedos e doces, a todos os garotos e garotas bem-comportados no mundo. Papai Noel consegue esse feito anual com o auxílio de elfos, que fazem os brinquedos na oficina, e das renas que puxam o trenó.
Como podemos observar a literatura sobre o bom velhinho é, mundialmente, farta e abrangente. Então não me venha, com essa história de, pouca fé, duvidar da sua existência.    Dizer que ele só fala Ho.Ho.Ho, é fake News!
Meninas e meninos do mundo inteiro dormem e sonham com a marca da sua presença: o presente, ao amanhecer do dia 25 de dezembro, na arvore de Natal.
Portanto, o espirito natalino é um sentimento com poder de desafiar os limites de nossa imaginação. Ele faz  Papai Noel sobreviver personificado no imaginário coletivo das pessoas,  materializando-se num gesto de solidariedade, num ato de doação, para nos fazer lembrar que precisamos ser bons.
Feliz Natal!